No primeiro final de semana após uma onda de ataques no Estado, o Rio Grande do Norte viu o movimento de turistas aumentar, mas ainda ficar longe do normal
para esta época do ano. O Estado recebeu 1.350 homens das Forças Armadas para reforçar a segurança. Mesmo assim, após 72 horas de trégua, voltou a ter veículos incendiados na madrugada deste domingo.
Por volta das 4h30, homens invadiram a garagem da prefeitura de Senador Georgino Avelino (a 50 km de Natal) e colocaram fogo em um ônibus, um caminhão e uma retroescavadeira. Segundo o governo, o incêndio foi criminoso, mas ainda não é possível dizer se há relação com as facções suspeitas de ordenar a série de ataques da semana passada. Ao todo, foram ao menos 63 incêndios e sete disparos contra prédios públicos e proximidades em 33 cidades.
Segundo o governo, as ocorrências estavam ligadas à facção criminosa Sindicato do Crime, que por sua vez tem relações com o Comando Vermelho, do Rio, e é rival do PCC. No sábado (6), o Estado transferiu 21 presos suspeitos de liderar os ataques para os presídios federais de Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
TURISMO
Na capital do Estado, o turismo começou a voltar ainda longe do patamar habitual. "Para um domingo, o movimento ainda está fraco", diz Manoel do Coco, que há 20 anos vende bebidas no calçadão da praia do Meio. A menos de 500 metros dele, havia uma carcaça de ônibus queimado.
"Hoje está mais seguro, mas a praia está vazia", conta o comerciante Amadeu Gomes, 66. Das 40 cadeiras que espalhou pela areia, menos da metade estava ocupada por volta das 13h30 deste domingo. "O normal seria não ter nenhuma livre."
Em Genipabu, região famosa pelas dunas, o fim de semana também foi fraco. Para o comerciante Felipe Lira, 36, "o Exército nas ruas passa uma imagem de violência". As tropas das Forças Armadas devem permanecer ao menos até o dia 16 na capital e na região metropolitana, reforçando a segurança local. Queixas de queda no movimento vêm de toda a cadeia de serviços turísticos.
Em um hotel na orla, desde o fim de semana passado as portas passaram a fechar as 22h, duas horas antes do habitual. "A ordem do dono é continuar fazendo isso", conta o recepcionista Ivan Azevedo, 38.
Manoel Feitosa, 52, há dez anos conduz turistas em uma charrete da beira da praia até o topo das dunas, onde há passeios de dromedários. Domingo de manhã, ele havia feito apenas uma viagem. "No da semana passada, não fiz nenhuma. Podemos dizer que hoje melhorou", disse.
Há turistas, porém, que não se sentiram intimidados. O francês Philippe Simonet, 45, chegou a Natal há três semanas com um grupo de 50 capoeiristas, em um intercâmbio entre praticantes do esporte. Parte do grupo tirou o fim de semana para passear em Genipabu. "A gente se sente mais seguro com a presença do Exército", diz.
Fonte: Folha de São Paulo
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