O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou oito pessoas por fraudes que chegam a no fundo de pensão dos Correios, conhecido como Postalis. O prejuízo total da fraude, entre 2006 e 2011, foi de
US$ 143 milhões, o que equivale hoje a R$ 465 milhões, informou o Jornal Nacional. Os funcionários e os aposentados da empresa é que estão pagando a conta.
O rombo do Postalis foi, em parte, por fraudes, como mostra a denúncia apresentada nesta terça-feira (5) pela Procuradoria. Para tapar esse rombo, um desconto será aplicado sobre salários e aposentadorias por 23 anos. E essa dívida deve ser paga até 2039 e ainda pode ficar de herança.
Cerca de 84 mil aposentados e funcionários estão pagando a conta. Para funcionários, o total de desconto varia de 1,48% a 6,08%. Para os aposentados, quase 17,92% - e também vale para pensões de viúvas e viúvos. "Eles fizeram com que os aposentados tivessem de pagar a conta da corrupção que está vindo descontada no contracheque deles", disse o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB).
Segundo o MPF, o Postalis fez um investimento no exterior para conseguir rendimento melhor e, no futuro, pagar as aposentadorias. Mas o dinheiro foi desviado para títulos superfaturados, entre eles títulos da Venezuela e da Argentina, que representam quase metade do rombo. “Esse foi um dos investimentos que deu o maior prejuízo”, disse a procuradora Karen Kahn. “Na verdade, representou aplicação verdadeiramente ruinosa aos fundos Postalis.”
O Postalis declarou que adotou diversas medidas para melhorar os resultados dos investimentos e recuperar as perdas financeiras e que tem interesse em que tudo seja esclarecido.
Para a Procuradoria, o mentor da fraude foi Fabrízio Dulcetti Neves, sócio da empresa que gerenciava as aplicações internacionais do Postalis. Ele mora nos Estados Unidos e foi investigado pelo órgão que regula o mercado de capitais americano. Foi acusado de usar empresas em paraísos fiscais para vender ao fundo de pensão dos Correios títulos por um valor muito acima do que valiam. Uma das empresas pertencia à sogra de Fabrício, Mercedes Monteiro, também denunciada.
"A diferença desse superfaturamento acabava revertendo em forma de comissões entre os denunciados", disse a procuradora.
A defesa de Fabrizio Dulceti Neves afirmou que só vai se manifestar depois que tomar conhecimento da denúncia. A produção do Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de Mercedes Monteiro.
No final do ano passado, a Polícia Federal (PF) fez busca e apreensão no apartamento de Fabrizio no Morumbi, Zona Sul da capital paulista. O Edifício Adolpho Carlos Lindenberg é um dos maiores do país, com 1.220 metros quadrados. Foi avaliado entre R$ 12 milhões e R$ 16 milhões.
A planta padrão, disponível na internet, mostra uma sala gigantesca onde cabe um piano de cauda, e com uma piscina na sacada. Tem cinco suítes e só o quarto principal, mais de 200 metros quadrados.
Ex-presidente de fundo
Entre os oito denunciados pelo MPF também está o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky. Ele teria recebido US$ 1,5 milhão em comissões sobre as transações da Postalis no exterior. Alexej foi apontado pelo MPF como peça chave no esquema porque tinha poder decisivo nas movimentações financeiras e permitiu a fraude.
A defesa de Alexej afirmou que o cliente, enquanto esteve à frente da presidência do Postalis, sempre desempenhou as atividades com lisura e dentro da lei.
Fonte: G1
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