O juiz Gustavo Moreira, da Vara Criminal de Frutal, no Triângulo Mineiro, prorrogou a prisão do ex-secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de
Minas Gerais durante o governo de Antonio Anastasia (PSDB), Narcio Rodrigues (PSDB), e de outras cinco pessoas. Eles foram presos durante a Operação Aequalis, na última segunda-feira (30), por suspeita de envolvimento em desvio de verba pública.
A decisão atende pedido do Ministério Público de Minas Gerais. A prisão preventiva é de mais cinco dias.
Dentre os detidos estavam Neif Chala, ex-servidor da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais; Alexandre Pereira Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais; Luciano Lourenço dos Reis, funcionário da CWP Engenharia Ltda.; e Maurílio Reis Bretas, sócio administrador da CWP Engenharia Ltda. O presidente da multinacional Yser, Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, é considerado foragido.
A defesa de Narcio Rodrigues não vai se manifestar sobre o assunto.
Eles cumprem prisão temporária, de cinco dias, cujo prazo termina nesta sexta-feira, sendo prorrogável por mais cinco, na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A operação investiga o desvio de verba pública que deveria ser destinada à Fundação Hidroex, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, entre 2012 e 2014, pasta de Rodrigues comandou entre 2010 e 2014. A fundação desenvolvia, em Frutal, no Triângulo Mineiro, um centro de pesquisas de recursos hídricos. A estimativa é que tenham sido desviados R$ 14 milhões.
Além de ex-secretário, Narcio Rodrigues também foi presidente do PSDB em Minas e deputado federal por cinco mandatos.
Ele foi chamado para prestar depoimento no Ministério Público do Estado, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (1º), mas preferiu ficar em silêncio.
O primeiro a ser ouvido foi o empresário português Hugo Alexandre Timóteo Murcho, diretor no Brasil da multinacional portuguesa Yser e da empresa Biotev Biotecnologia Vegetal Ltda. O teor das oitivas não foi divulgado.
De acordo com o Ministério Público Estadual, Hugo Alexandre Timóteo Murcho é diretor da multinacional Yser, que produz material para laboratório. Ele também comanda a Biotev, do mesmo grupo português, que tem sede em São Paulo. A advogada dele não foi encontrada pela reportagem.
A operação encontrou indícios de superfaturamento em vários contratos, dentre eles o de venda de equipamentos. Os promotores querem comprovar que o grupo português cometeu crimes como peculato, corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O senador e ex-governador Antonio Anastasia não é investigado, segundo o MP. No Grupo Yser, em São Paulo, nenhum diretor foi encontrado para falar sobre o assunto. Uma funcionária informou que Hugo Murcho é responsável pelo setor financeiro. Ela ainda disse que o presidente da companhia, Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, tido como foragido, mora na Europa e não estaria no Brasil.
Irregularidades na Hidroex
Uma auditoria da Controladoria-Geral de Minas Gerais apontava, em abril deste ano, suposto dano aos cofres públicos devido a irregularidades na obra de um centro de pesquisa em recursos hídricos, em Frutal, no Triângulo Mineiro, durante o governo de Antonio Anastasia (PSDB), atual senador e relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. À época, a assessoria de Anastasia negou existência de crimes.
As irregularidades foram apontadas em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, no dia 29 de abril de 2016, que citava que a controladoria auditou amostra de R$ 37,7 milhões da obra, ou 16% dos R$ 230 milhões do total do projeto. A Controladoria-Geral de Minas, órgão do governo estadual que atua na prevenção e no combate à corrupção, confirmou a informação ao G1. Ainda segundo o órgão, dessa parte, os auditores verificaram suposto dano aos cofres públicos no valor de R$ 18 milhões, ou seja, 48% do que foi apurado.
A obra do centro de pesquisas, chamado Centro das Águas – Hidroex, incluiu recursos estaduais, federais e tem parceira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O ex-secretário disse em nota, em abril, que não teve participação no processo licitatório e no acompanhamento da execução de obras. Afirmou também que, caso haja, qualquer irregularidade ou desvio, a posição será sempre de pedir apuração criteriosa e punição dos eventuais culpados.
Fonte: G1
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