O ex-diretor de pavimentação da Secretaria de Obras de Foz do Iguaçu Aires Silva confirmou nesta segunda-feira (27) aos membros da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Operação Pecúlio o que declarou ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal em acordo de colaboração. Entre as declarações, o ex-secretário reafirmou que o prefeito Reni Pereira (PSB) sabia do esquema de corrupção envolvendo contratos da prefeitura com empresas da região. Para as demais perguntas feitas pelos vereadores, ele preferiu ficar calado.
Aires é acusado de fazer parte do grupo de agentes políticos, servidores e empresas que desviavam recursos públicos liberados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Sistema Único de Saúde (SUS) para obras e serviços de saúde na cidade. Para o MPF e a PF, o esquema era chefiado pelo prefeito Reni Pereira (PSB).
“O senhor Aires prestou um depoimento judicial já, fez um termo de colaboração bastante delicado. Eu sugeri à Casa que este termo fosse lido, o que foi feito, e ele ratificasse ou não o que declarou em juízo. Novas perguntas podem fazer com que ele sugira detalhes que não foram esclarecidos em juízo e estes novos detalhes podem fazer a Justiça entender que ele os omitiu e isso vir a prejudicá-lo”, esclareceu a estratégia o advogado do ex-secretário, Fernando César Antunes.
Na quinta-feira (23), Silva já havia comparecido à Câmara Municipal, porém pediu suspensão do depoimento porque não estava acompanhado do advogado, naquele dia em viagem. Ele foi preso na segunda fase da Operação Pecúlio, deflagrada no dia 3 de maio pela PF, ficou na carceragem da delegacia da Polícia Federal e foi solto no dia 20 de junho após assinar acordo de colaboração premiada.
Aires e outras 84 pessoas são réus no processo que investiga o recebimento de propina das empresas que contratavam com a prefeitura. Segundo a PF e o MPF, os prejuízos calculados até agora somam quase R$ 5 milhões.
Após as declarações do ex-diretor de Pavimentação, o presidente da CPI da Operação Pecúlio - iniciada no dia 18 de maio -, vereador Dilto Vitorassi (PV), aproveitou para adiantar que a comissão tem elementos suficientes para pedir o afastamento do prefeito Reni Pereira.
“O depoimento feito por eles feito já na delação premiada é suficiente para incriminar a quem nós estamos buscando. Os depoimentos que ele ratificou aqui são altamente esclarecedores são provas suficientes para que a gente apresente um relatório prévio agora no dia 5 [de julho] pedindo o afastamento do prefeito”, observou.
Por ter foro privilegiado, o processo contra o prefeito, cujo processo corre no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre (RS). O advogado do prefeito, Egídio Arguello, foi procurado, mas disse estar em uma reunião e que mais tarde retornaria as ligações para comentar o caso.
Além de Aires Silva, quatro pessoas assinaram acordos de leniência com a PF e o MPF. De todos os mandados cumpridos nas três fases da operação, 13 pessoas continuam presas preventivamente. E, em acordo com a Justiça Federal, o conteúdo dos depoimentos à CPI são mantidos em segredo.
Fonte: G1
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