'Consciência que errou', diz mãe de garoto forçado a pular de ponte no RN

"Não dá pra imaginar o tamanho da dor. É muito horrível. Até porque eu tenho consciência que ele errou, mas muito mais errado são os que fizeram com ele. Não deveriam ter

agido dessa forma". Foi desta forma que a mãe do adolescente de 14 anos obrigado a pular da Ponte de Igapó, que liga as zonas Oeste e Norte de Natal, definiu a atitude dos populares que amarraram o filho e outro adolescente de 17 anos e os obrigararam a pular no Rio Potengi.

Suspeitos de assalto, os jovens foram amarrados pelas mãos e, nus, obrigados a saltar nas águas do rio Potengi após serem apanhados pela população. A Inter TV Cabugi também ouviu o garoto de 14 anos. Ele disse que o fato de ter sobrevivido foi um 'milagre de Deus'. "Conseguimos subir em uma pedra bem grande. Ficamos mais ou menos umas três horas, até essa madrugada. Fomos resgatados por um pescador. Estava quase me afogando", acrescentou.

Apesar de reprovar a atitude dos populares que obrigaram o filho a pular da ponte, a mãe não tira a responsabilidade do adolescente. A mulher espera que o acontecimento possa ser um marco na vida do filho.

"Eu digo para ele como eu digo para qualquer adolescente, para os amigos dele e para qualquer um que vive aí na rua, pelo mal caminho, seguindo o caminho errado, que tome isso como exemplo. Que esse susto tenha sido para ele mudar a vida dele, para seguir o caminho certo. Eu acredito que foi Deus, que Deus possa ter feito ele passar esse trauma todo para ver se ele mudava a vida dele. Eu espero que ele possa seguir essa vida, trabalhar, ter o emprego dele. Ser visto pela população como um homem de bem", disse.

O vídeo ao lado mostra os dois adolescentes, já amarrados pelas mãos, correndo nus pelas ruas da cidade até a ponte de Igapó, onde foram forçados a saltar nas águas do rio Potengi. De acordo com o adolescente de 14 anos, o plano era roubar a primeira mulher que passasse, no entanto, um homem que se identificou como policial rendeu os dois, amarrou e chamou a população alertando que os dois eram assaltantes.

"Ele mandou nós irmos para o chão e chamou um monte de gente, dizendo que estávamos roubando. Quando ele foi embora, disse que a população é quem mandava. Aí eles tiraram nossa roupa", relatou o adolescente. Ainda segundo o adolescente, os populares mandaram que os dois fossem andando até a Delegacia de Plantão da Zona Norte, porém, ao chegarem na ponte, foram obrigados a pular no rio.

Segundo a mãe do garoto, receber ele com vida depois das agressões foi um choque. "Eu não esperava que ele chegasse com vida depois de tudo aquilo. A partir do momento que mandaram ele pular, para mim o mundo tinha acabado. Eu não quis nem acreditar. Para mim a ficha não caiu ainda. Fiquei até paralisada quando vi ele chegar", concluiu.

Fonte: G1