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quinta-feira, março 17, 2016

Suposto serial killer é condenado a 20 anos por morte de estudante em GO

1º júri popular do suposto serial killer Tiago Henrique em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, foi condenado a 20 anos de prisão pela morte da estudante Ana Rita de Lima, de 17 anos, ocorrida em
dezembro de 2013. O júri popular, realizado na manhã desta quinta-feira (17), no 2º Tribunal do Júri, em Goiânia, considerou que ele cometeu homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima. Tanto a defesa quanto a acusação já recorreram.
Essa foi a terceira condenação do vigilante, que responde por mais de 30 homicídios. Diferentemente dos outros julgamentos, desta vez Tiago não compareceu à sessão.Segundo o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, o fato dele não comparecer faz parte do direito dele de ficar calado e não impede a sessão de ser realizada.
Três mulheres e quatro homens analisaram as teses apresentadas pela acusação e a defesa e, em seguida, julgaram cinco quesitos. Eles concluíram que o vigilante é culpado pela morte de Ana Rita.
"A sociedade goianiense entendeu mais uma vez pela condenação. Eu, submisso ao veredito, apliquei a pena", disse o magistrado ao G1 ao término da sessão.
Após a leitura da sentença, o promotor de Justiça Rodrigo Félix apresentou um recurso para o aumento da pena. "O resultado é o mesmo das outras condenações e as razões pelo pedido também são as mesmas, a pena deve ser aumentada em virtude do impacto que este crime causou a toda sociedade goianiense", opinou Félix.
O advogado Herick Pereira de Souza também discorda da pena, mas defende a redução dos anos de condenação. "A defesa entende que as duas qualificadoras deveriam ser rejeitadas e vamos pedir recurso, que pode, inclusive, ser levado a tribunais superiores. O problema maior é que a razão desapareceu e a emoção prevaleceu. A defesa luta e vai continuar exercendo o seu papel", declarou o advogado.
A estudante foi morta no dia 13 de dezembro de 2013 quando caminhava sozinha a uma quadra da casa onde mora, na Vila Santa Tereza. Conforme testemunhas disseram à polícia, Tiago se aproximou de Ana Rita e a puxou pelo braço anunciando o assalto, mas atirou na adolescente antes de ela entregar qualquer objeto.

Suposto serial killer é julgado pela morte de Ana Rita de Lima, de 17 anos, em Goiânia, Goiás (Foto: Inês Érica de Lima/Arquivo pessoal)Ana Rita de Lima foi morta com um tiro no peito em dezembro de 2013  (Foto: Inês Érica de Lima/Arquivo pessoal)

A mãe da vítima, a costureira Inês Érika de Lima, disse em depoimento que a filha tinha acabado de sair de um emprego de secretária e ia em uma lan house quando foi abordada pelo autor. "Minha filha não tinha inimizade alguma, ela ia imprimir uns documentos, saiu de casa e foi morta. Uma menina tranquila que perdeu a vida sem nenhum motivo", afirmou.
A costureira e a filha, Lauriane de Lima, que também foi testemunha de acusação durante o julgamento, deixaram o auditório do 2º Tribunal do Júri de Goiânia antes mesmo da sessão acabar e a condenação ser confirmada. Durante o julgamento, a mãe disse ao G1 que sentia "ódio" pelo autor do crime.
"Ele destruiu a vida da minha filha e a minha indiretamente. Meus outros filhos tentam me dar força, mas o cheiro dela, as roupas, as lembranças, tudo me lembra dos sonhos que ela deixou para trás", disse a mãe, emocionada.
Debate
Durante o julgamento, a defesa do suposto serial killer questionou o fato do Ministério Público não ter investigado algumas informações dadas pelas testemunhas à época do fato. Entre as hipóteses apontadas pelo advogado Hérick Sousa está a de crime passional ou envolvimento com torcidas organizadas.
"Uma das testemunhas disse em dempoimento que a adolescente tinha um relacionamento conturbado com um rapaz que era considerado perigoso no bairro e disse que 'todos tinham medo dele'. Além disso, a tia de Ana Rita disse à investigações que a sobrinha tinha envolvimento com torcida organizada e andava em más companhias, tudo isso foi desprezado pela investigação", afirmou a defesa.
Outro ponto discutido pelo advogado foi o fato de, na denúncia feita pelo Ministério Público não considerar que a vítima foi abordada e puxada pelo braço antes que o autor fizesse os disparos. "Como que vamos considerar que houve o fator surpresa quando na verdade houve uma abordagem e, só depois desse contato o tiro foi disparado?", indagou Sousa.

O promotor de Justiça Rodrigo Félix disse que autoria do crime teve como embasamento todas as características físicas, modo de agir, e confissão de Tiago da Rocha. "Foram três os momentos em que ele confessou o crime, primeiro em depoimento à polícia, segundo em audiência e por último na carta enviada aos senhores jurados antes do 1º júri popular", disse Félix.

Advogado do serial killer, advogado Hérick Pereira de Lima (Foto: Murillo Velasco/ G1)Advogado do serial killer, Hérick Pereira de Lima, fez leitura de depoimentos  (Foto: Murillo Velasco/ G1)

Condenações
Tiago Henrique da Rocha já foi julgado e condenado por dois homicídios, dos mais 30 pelos quais é acusado. Ele está preso desde 2014.

No último dia 16 de fevereiro, teve o 1º júri popular pela morte de Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos. A adolescente foi morta no dia 15 de dezembro de 2013 com um tiro no peito, em uma rua do  Setor Jardim Planalto, na capital.  Ele foi condenado a 20 anos de prisão.
Após a condenação, a mãe de Ana Karla, a cozinheira Ironildes Lemes, de 59 anos, disse que está aliviada. "Eu achei maravilhoso e espero que ele apodreça na cadeia, pois ele não matou apenas a minha filha, mas também outras moças, mendigos. Ele tem que morrer na cadeia", afirmou.

Tiago Henrique é novamente algemado e deixa o 2º Tribunal do Júri, em Goiânia, Goiás (Foto: Paula Resende/G1)Tiago Henrique já foi condenado em dois júris,
em Goiânia (Foto: Paula Resende/G1)
"Graças a Deus, com a condenação, a justiça foi feita. Estou agradecida, pois a gente estava com medo de que ele fosse solto e saísse por aí matando mais pessoas", ressaltou Ironildes.
A segunda condenação de Tiago Henrique ocorreu no dia 2 de março de março pela morte da auxiliar administrativa Juliana Neubia Dias, de 22 anos, assassinada em julho de 2014.
A jovem foi morta quando estava dentro do carro com o namorado e uma amiga. O júri popular acatou a tese apresentada pelo promotor de Justiça Maurício Gonçalves de Camargos, de que o vigilante cometeu homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e com recurso que impossibilitou a defesa da vítima e o condenou a mais 20 anos de prisão.
Além dos dois homicídios, a Justiça condenou o suposto serial killer a 12 anos e 4 meses de prisão em regime fechado por ter assaltado duas vezes a mesma agência lotérica do Setor Central, em Goiânia.

Fonte: G1

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