O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, nesta segunda-feira (14), que vai iniciar uma retirada militar da Síria a partir desta terça (15), cinco meses depois de começar
uma ofensiva em defesa do ditador Bashar al-Assad.
Putin afirmou que a presença militar russa no país cumpriu seus objetivos e "criou as condições para o início do processo de paz". E, assim, "a maior parte" do esforço militar será suspenso.
"Com a participação das forças russas, as forças armadas da Síria e as forças patrióticas da Síria foram capazes de alcançar uma reviravolta fundamental na guerra contra o terrorismo internacional", disse o presidente.
A retirada russa, no entanto, não será total. Duas bases russas, uma área (em Latakia) e uma naval (em Tartous), vão continuar operando. Assim, não se sabe se bombardeios aéreos russos vão ser interrompidos ou não, já que a capacidade de lançamento será mantida a partir de Latakia.
Militantes da oposição a Assad afirmaram, no passado, que a Rússia tinha tropas em solo sírio combatendo forçar anti-Assad, algo nunca reconhecido pelos russos —e, portanto, algo que poderia ou não estar coberto pela decisão anunciada nesta segunda.
Putin não informou uma data limite para a retirada de suas forças nem a quantidade de homens que continuarão envolvidos na missão na Síria.
NEGOCIAÇÕES PELA PAZ
Além da retirada parcial de suas forças da Síria, Putin determinou que esforços diplomáticos para o restabelecimento da paz no país sejam intensificados. Por meio de sua ofensiva militar, Putin alçou a Rússia novamente a uma posição de ator relevante nos assuntos internacionais —e em lados opostos aos Estados Unidos na guerra síria.
O discurso russo é o de que está na Síria para combater grupos terroristas, mas parte de seus ataques aéreos tiveram como alvo grupos anti-Assad identificados pelos Estados Unidos como uma oposição moderada ao ditador. Integrantes do governo russo já disseram que é pouco realista acreditar que Assad pode retomar o controle sobre todo o país; assim, seria hora de negociar um processo de paz.
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse, nesta segunda, que o presidente russo telefonou a Assad para informar o ditador da decisão.
Em uma declaração também nesta segunda, a Presidência da Síria afirmou que acordou com a Rússia uma redução da presença aérea russa no país, após ganhos militares do governo sírio com ajuda da Rússia. O acordo, segundo a Síria, está em linha com "a continuidade da cessação de hostilidades e de acordo com a situação em terra".
Apesar da retirada parcial de Putin, a Rússia prometeu continuar apoiando a Síria no "combate ao terrorismo", informou a Presidência síria.
Os anúncios ocorreram no dia em que teve início uma importante rodada de conversas diplomáticas, no âmbito das Nações Unidas, para tentar restabelecer a paz na Síria, dominada por uma guerra civil há cinco anos, que já matou milhares e intensificou a crise migratória na Europa.
Fonte: Folha de São Paulo
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