A polícia investiga se o ex-presidente da cooperativa envolvida na fraude da merenda escolar em São Paulo comprou terras no
Tocantins com o dinheiro do esquema. A denúncia foi feita por um ex-funcionário da cooperativa.
Policiais da cidade de Bebedouro (SP) requisitaram aos cartórios da região da cidade de Lizarda, interior de Tocantins, um levantamento das propriedades de Cássio Chebabi, ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf).
Em depoimento, o ex-vice presidente da Coaf, Carlos Santana, disse à polícia que Cássio comprou 513 hectares de terra. São lotes de duas fazendas e de um sítio. Santana disse que as áreas podem ter sido compradas com dinheiro desviado da cooperativa.
Diretores da Coaf, disseram à polícia que pagavam propina para políticos, assessores e funcionários públicos por contratos de merenda com o governo do estado e 22 prefeituras.
Em depoimento, Chebabi disse que "em algumas ocasiões houve montagem de orçamentos de outras cooperativas para justificar a vitória da Coaf".
Duas cooperativas de fachada usadas no esquema têm como endereço um 'spa' da família Chebabi. A horta Mundo Natural e a AOB deveriam funcionar em em um endereço onde a reportagem só encontrou o que um dia foi uma plantação de Cassio Chebabi.
A horta está em uma parte da propriedade. Ela tem 4 hectares e nas estufas eram produzidas verduras, legumes e hortaliças, mas desde de julho de 2015 ninguém trabalha no local.
A polícia diz que, mesmo após Cássio parar de produzir, as duas cooperativas de fachada continuaram participando das concorrências, oferecendo orçamentos maiores, para que a Coaf saísse vencedora.
Questionado sobre desde quando o filho parou de produzir, Júlio Chebab, proprietário do sítio Santo Antônio e do natural SPA, disse que em isso ocorreu em julho de 2015.
“Quando ele já aventou a possibilidade de deixar a cooperativa, ele me devolveu a área e deixou de produzir verduras, legumes, mas permaneceu aqui uma plantação de pupunha, uma plantação da mandioca, mais de dois mil pés de laranja e limões variados que se encontra até hoje e que formava essa horta dele.”
O Ministério Público de São Paulo alertou outros órgãos de que o golpe da Coaf pode ter ocorrido em outros estados. O MP sabe que o esquema fraudulento chegou ao Rio de Janeiro.
Um advogado que já trabalhou para a Coaf, criou outra empresa, chamada Conaf, junto com funcionários da cooperativa de São Paulo, e fechou contrato com a prefeitura de Nova Iguaçu.
A Prefeitura de Nova Iguaçu disse que o contrato firmado com a Conaf foi feito por licitação e que todos os produtos contratados foram entregues. A reportagem não conseguiu contato com a Conaf e nem com o advogado que criou a empresa.
O advogado de Cássio Chebabi disse que o cliente dele comprou terras em Tocantins com o dinheiro da venda de um imóvel. E afirmou que a empresa Horta Mundo Natural está registrada no endereço de uma casa ao lado do Spa e que a Aaob não está mais ativa.
O pai de Cássio, Júlio Chebabi, dono do spa, disse que o espaço não tem nenhuma relação com as empresas que estão sendo investigadas pela polícia.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!