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quarta-feira, outubro 21, 2015

Corpo de Yoná Magalhães é cremado no Rio

Yona Magalhães é velada no Rio (Foto: Fernanda Rouvenat/G1)O corpo da atriz Yoná Magalhães foi cremado no começo da tarde desta quarta-feira (21) no Cemitério Memorial do Carmo, na Zona Portuária do Rio. Apenas familiares e amigos íntimos participaram da
cerimônia.
Às 13h10, o corpo saiu da capela 1 e foi levado para a cremação sob aplausos de amigos, familiares e fãs. Até o final do velório, uma fila de fãs tentou dar o último adeus a atriz.
A atriz morreu na manhã de terça-feira (20), aos 80 anos. Ela estava internada desde o dia 18 de setembro, na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul. No dia que ela deu entrada na unidade, ela passou por uma cirurgia para corrigir uma insuficiência cardíaca. Após o procedimento ela foi internada na UTI, mas apresentou complicações no processo pós-operatório que levaram ao óbito às 10h05.

Yoná era guerreira, diz filho
O filho da atriz, Marco Mendes, lembrou da importância do trabalho da mãe. "Minha mãe foi a primeira grande estrela desse fenômeno chamado novela. Minha mãe era uma guerreira, uma guerreira absoluta, que diante de um problema de saúde grave, fez a escolha mais corajosa. Enfrentar uma batalha pela vida. Tenho muito orgulho dela", disse ele.
"Não só o legado que ela deixou, mas também os comentários que você ouve na rua sobre ela: 'A Yoná, que parecia 30 anos mais nova', 'Aquela que cuidou da saúde e da beleza sempre'. Ela era isso, mas era muito mais também. Minha mãe foi a grande primeira estrela desse fenômeno chamado novela. Você pode gostar ou não gostar desse fenômeno, mas indubitavelmente ele é o produto cultural brasileiro mais conhecido no planeta depois do futebol. A divulgação e a aceitação das novelas brasileiras pelo mundo inteiro comprova isso", completou ele.

Muitos atores amigos de Yoná compareceram a seu velório, como Arlete Sales e Othon Bastos. "Ela lutou pra ter o sucesso dela", disse Othon, pouco antes de deixar o velório.
"A Yoná deixou uma história bonita. Sem dúvida uma bela atriz, uma mulher linda e exuberante com a personalidade forte e determinante. A minha segunda novela na Globo foi com ela. Eu era a vilã e ela era a mocinha, depois tivemos mais dois encontros no teatro, o melhor deles foi na Partilha. Sempre tivemos uma relação de afeto, admiração e carinho. Ela vai deixar saudade, vai deixar uma história relevante, porque ela teve uma história marcante no cinema, no teatro e na teledramaturgia. Ela foi sem dúvida a primeira grande estrela desse universo. Agora, ela nos deixa, mas deixa bonitas lembranças. E como diz Shakespeare, agora tudo é silêncio", disse Arlete Sales.
Ao final da cremação, Arlete afirmou que a amiga se despediu suavemente. "Foi uma despedida suave, com amor e uma certa alegria, característica dela. O cinema, teatro e a televisão perdem muito sem ela. Principalmente com esse fenômeno que é a teledramaturgia brasileira, ela foi pioneira, a primeira grande estrela. Foi uma mulher bonita, linda, exuberante. Ela tinha uma personalidade forte, era uma mulher determinada. Vai deixar saudade", comentou a atriz.
A atriz Estela Freitas relembrou os trabalhos que participou com Yoná. “Nós tivemos tantas coisas juntas, passagens. Teatro, novela, essas coisas da profissão. Fora disso, viajei com ela pros Estado Unidos, a gente se divertiu muito, riu muito, rezou muito, cantou muito. Foi muito especial a passagem da Yoná na minha vida. Foi uma pessoa muito importante pra mim, uma referência”, lembrou Estela Freitas.

Raimunda de Nazaré, atriz e amiga de Yoná Magalhães, contou que a amiga era como uma mãe. "Vim para o Rio com 17 anos e ela me criou como filha até os 19, quando fui morar sozinha. Ela me deu todo o suporte que uma pessoa necessita para crescer. Eu comecei a atuar na Globo em 1980 por causa da Yoná e fiquei até 2003", disse ela.
Emocionada ela disse que Yoná era sua vida, seu suporte. "Qualquer hora que chamasse por ela ela me atendia. Não tinha limite. A gente tinha um carinho muito grande uma pela outra", completou Nazaré.

Fã anônimo presta homenagem
Um fã anônimo também fez questão de manifestar sua última homenagem para a atriz colocando um cartaz na grade de um prédio que fica na esquina das Ruas Lopes Quintas e Corcovado, no Jardim Botânico, na Zona Sul. Yoná era uma figura conhecida na vizinhança, onde costumava passear com seu cachorro e descansar no local.
O filho da atriz, aliás, faz questão de ficar com o cão. Yoná era uma conhecida amiga dos animais. "É lógico que eu vou ficar com ele, ele é meu irmão. Ele é muito importante para a família. Quando ela estava internada o Leopoldo já estava comigo. Vou ficar com ele para o resto da vida," afirmou Marco Mendes

Musa do Cinema Novo e estrela de novelas
A atriz de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), clássico do Cinema Novo dirigido pelo cineasta Glauber Rocha, Yoná Magalhães entrou para a vida artística para ajudar a família quando o pai ficou desempregado.
“Eu tinha que ajudar de alguma maneira, não sabia muito como, queria continuar os meus estudos. Gostava de brincar de teatro, essas coisas que todo mundo faz. Então eu digo: ‘Quem sabe não é por aí, né?’ Fui fazendo pequenas pontas, pequenos papéis, isso em meados da década de 1950, até que consegui um contrato com a Rádio Tupi”, afirmou a atriz em entrevista ao Memória Globo em 2000.
Yoná fez parte do primeiro elenco da TV Globo, a partir de 1965, e é considerada a primeira mocinha de sucesso das novelas da emissora. Em 1966, ao lado de Carlos Alberto, formou o principal casal romântico da época, em "Eu compro esta mulher".
“A audiência deu um pulo astronômico. Eu não sei bem esse mistério da dupla romântica, mas na época causava grande frisson", afirmou a atriz em entrevista ao Memória Globo em 2000. "A identificação era muito grande, porque aquela dupla continuava, então aquilo era de verdade."
Yoná atuou ainda no rádio, no teatro e no cinema, com destaque para o filme “Deus e o diabo na terra do sol” (1964), clássico do Cinema Novo dirigido por Glauber Rocha.
Ao longo de mais de 60 anos de carreira, trabalhou em novelas como "Saramandaia" (1966), "Roque Santeiro" (1985), "Tieta" (1989), "Meu bem, meu mal" (1990) e "A próxima vítima" (1995). Sua última novela foi "Sangue bom" (2013).
Além das novelas, Yoná esteve nas minisséries "Grande sertão: Veredas" (1985), adaptação para a TV do clássico romance homônimo escrito por Guimarães Rosa, "Engraçadinha... Seus amores e seus pecados" (1995) e “Um só coração” (2004).
Fez ainda os seriados "Carga pesada" (2005) e "Tapas & Beijos" (2011), atuou em episódios do "Você decide" e "A vida como ela é" e nos humorísticos "Zorra total" e "Sob nova direção". (veja abaixo imagens da carreira de Yoná Magalhães)
Governo lamenta morte
O governo do estado do Rio divulgou no início da tarde nota lamentando a morte da atriz.
"Yoná Magalhães viveu personagens com as várias caras do Brasil, divertindo e emocionando a todos nós. Uma atriz que sempre nos brindou com talento e espontaneidade. Yoná deixará saudades", diz o texto, assinado pelo governador, Luiz Fernando Pezão.

Fonte: G1

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