A Operação Cardume da Polícia Federal prendeu 26 pessoas na manhã desta terça-feira (29) no Ceará (CE) e Rio Grande do Norte (RN), por tráfico internacional de
entorpecentes e associação criminosa. "Cada um dos braços da organização, como o núcleo responsável pela lavagem de dinheiro e pelo transporte, movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês. Temos, pelo menos, quatro núcleos principais". Seis integrantes da organização chegaram a ser presos e compraram alvarás de soltura de desembargadores em Fortaleza. A droga ia do Ceará para Portugal em garrafas de cachaça.Pelo esquema, a pasta de cocaína era transportada da Bolívia ou Paraguai para o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em aeronaves. Depois, seguia em caminhões para o Ceará e Rio Grande Norte. A partir do RN, a droga ia para Paraíba, Pernambuco e outros estados do Nordeste. Do Ceará, era transportada para Portugal, em garrafas, e Itália, segundo informações da Polícia Federal. “Era uma organização criminosa poderosa que adquiria armas'', disse o delegado Jandelyer Gomes.
"Os núcleos dos traficantes se desenvolviam nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul temos pessoas envolvidas na logística de distribuição da droga, da recepção dessa droga que chega ao nosso país. Mas, no Sul e no Sudeste, principalmente em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, a gente tem um núcleo focado na lavagem de dinheiro, onde [estavam] os empresários que faziam os recursos chegarem ao exterior, através de operações cambiais", explica o delegado.
Ele também explica como a droga era adquirida e repassada aos destinatários. "A droga é adquirida na Bolívia e ingressava no território brasileiro em aeronaves de pequeno porte. Essas aeronaves (...) levavam a droga, cocaína, até os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e de lá eram transportadas até a região Nordeste, para o Ceará e o Rio Grande do Norte em caminhões. A cocaína era camuflada na estrutura do caminhão, ora nos tanques de combustível, ora em eixos dentro das cabines".
Três laboratórios foram estourados ao longo das investigações, dois no Ceará e outro em uma casa de praia na cidade de Setúbal, em Portugal, onde foram encontradas 660 garrafas com rótulo de cachaça e um total de 50 kg de cocaína.
"Os traficantes brasileiros, em conjunto com seus sócios estrangeiros - espanhóis e portugueses -, montaram em uma cidade do litoral português, próximo a Lisboa, um laboratório de refino. A droga era exportada do Brasil e para que ela fosse mandada via aérea, era camuflada em garrafas de cachaça", explica o delegado Janderlyer.
Operação e investigações
A Operação Cardume cumpriu 14 mandados de prisão preventiva (de um total de 15), 12 temporárias (do total de 13), 18 conduções coercitivas e bloqueou 118 contas de pessoas físicas e jurídicas em oitos estados. No Ceará foram cumpridos mandados de busca e de prisão os mubnicípios de Fortaleza, Caucaia, Trairi, Camocim e Tianduá. No Rio Grande do Norte, mais outros quatro municípios, em Mato Grosso, três. Também foram cumpridos mandados em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e no Rio Grande do Sul.
Quinze veículos de luxo foram bloqueados. Foram realizados ainda quatro flagrantes por porte de arma de fogo e posse de produtos químicos para fabricação de cocaína e apreendida cerca de uma tonelada de fenacetina (produto usado para dar volume à cocaína). Cinco pessoas foram presas no Rio Grande do Norte e 21 no Ceará.
A investigação, iniciada em outubro de 2013, resultou, até o momento, na apreensão de mais de uma tonelada de cocaína, 21 quilos de maconha, 300 quilos de substâncias químicas utilizadas no processo de refino de cocaína, interdição de dois laboratórios e apreensão de R$ 500 mil.
Venda de sentenças
“Hoje a operação prendeu quem tinha dinheiro para pagar os desembargadores', disse o delegado Jandelyer Gomes. Três desembargadores do Tribunal de Justiça do Ceará são investigados pela venda de solturas. Um deles foi afastado. Seis traficantes da organização desmontada na operação Cardume pagaram R$ 150 mil, cada, para serem liberados durante plantões judiciários no Tribunal. Os desembargadores conheciam o esquema, segundo Gomes.
PM baleado por agentes federais
Em maio de 2015, um Policial Militar foi baleado em Fortaleza quando interferiu em umas das investigações feitas pela Polícia Federal. O incidente aconteceu quando agentes federais, a partir de informações preliminares, descobriram que dois homens suspeitos de tráfico de drogas realizariam uma remessa no Bairro Henrique Jorge. A ação fazia parte das investigações da Operação Cardume.
Durante a campana montada pela Polícia Federal, foi observado que um carro da Polícia Militar parou ao lado do veículo dos dois homens suspeitos, tendo um dos policiais militares entrado no carro dos supostos traficantes.
Depois que o PM saiu do carro suspeito, os federais decidiram abordar o policial nas proximidades de um posto de combustíveis. Mas um policial militar à paisana que passava pelo local viu a abordagem e atirou para ajudar o colega da PM. Houve troca de tiros e o soldado à paisana foi atingido no braço, os colegas dele foram presos.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!