Banho de descarrego, corredor de sal, corrente de libertação. Sem contar a doação de todo o salário. Membro de uma igreja evangélica desde jovem, o hoje pastor Fábio Inácio de Souza diz que fez "de
tudo" para buscar a libertação da homossexualidade. Passou por um processo semelhante ao que hoje é conhecido como "cura gay", mas não deu certo. Aos 26 anos, Fábio abandonou o culto que frequentava e conheceu a pregação do pastor Marcos Gladstone em um sobrado na Lapa, região central do Rio. Pouco depois, eles casaram e fundaram a Igreja Cristã Contemporânea, que aceita pessoas de todas as orientações sexuais. A igreja ganhou adeptos e, na próxima segunda-feira (7), uma catedral com capacidade para 800 fiéis será inaugurada.
A inauguração da igreja foi antecipada na coluna desta sexta-feira (4) de Ancelmo Gois, no jornal O Globo. O espaço em Madureira, na Zona Norte, já está pequeno, diz o pastor Fábio — antes mesmo da abertura oficial. Na contramão do fanatismo, a casa ficou cheia em eventos preliminares. "As pessoas estão saindo do armário. Muitos buscam refúgio na gente porque outras igrejas não aceitam gays. Nosso objetivo não é debater a sexualidade. Quando Deus olha para alguém, olha para o coração, não olha para a orientação sexual", explica.
Aos 35 anos, o fundador da igreja recorre à Bíblia para explicar porque, na sua visão, Jesus Cristo não discriminaria os gays, como ele, se voltasse à terra.
"Em todo o tempo, Ele esteve ao lado dos excluídos. A mulher adúltera, o cego, o leproso. Jesus veio para quebrar algumas leis. Os negros também já foram discriminados, não podiam ir à igreja. A Bíblia não condena a homossexualidade, quem condena é o homem", afirma.
E não faltam homens que o façam, inclusive entre os políticos. Para o pastor Fábio, isto não é uma coincidência.Ele diz que certos evangélicos usam a igreja para fazer "promoção" e diz que os fiéis, muitas vezes, são "massa de manobra". Alguns dos políticos, ainda segundo o religioso, usam a defesa da família como pretexto, mas acumulam divórcios (com mulheres). "Não vejo a luta contra o homossexual como uma questão física, é uma questão política".
Cita como exemplo um deputado investigado por recentes casos de corrupção e questiona: "Eu, sendo gay, qual prejuízo dou à sociedade? Nenhum. É um direito meu, não estou pecando. Ser corrupto sim. Ser gay não é uma opção. Ser corrupto, sim", pondera.
Fonte: G1
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