O ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, afirmou nesta sexta-feira (4), em entrevista à TV Globo, que a fala do vice-presidente Michel Temer sobre a
popularidade de Dilma Rousseff foi utilizada "fora de contexto" e que o vice é "extremamente leal" à presidente.
Na noite desta quinta, Temer disse, durante debate com empresários em São Paulo, que se Dilma mantiver os atuais índices de popularidade será "difícil" resistir a mais três anos e meio de governo. "Se continuar assim, eu vou dizer a você, para continuar 7%, 8% de popularidade, de fato fica difícil passar três anos e meio", declarou Temer. Pesquisa Datafolha divulgada em 8 de agosto indicou que, na ocasião, 8% dos entrevistados aprovavam o governo e 71% reprovavam – 20% consideravam o governo "regular".
"Essa expressão, ela fora de contexto, ela pode ser mal interpretada, mas no contexto fica claro o objetivo do vice-presidente Michel Temer, que é unificar o governo na busca da melhoria da popularidade", afirmou Edinho Silva.
Para o ministro, que entre outras atribuições atua como um porta-voz do governo, Temer tem sido "extremamente leal" à presidente Dilma Rousseff e uma liderança política "extremamente importante".
"O vice-presidente Michel Temer tem sido uma liderança política extremamente importante para o governo, tem sido fundamental para a governabilidade, tem sido extremamente leal à presidenta Dilma, e a presidenta Dilma reconhece e valoriza isso. A polêmica toda que se criou, no meu entender, estão utilizando uma expressão usada pelo vice Michel Temer dentro de um contexto, né? E, claro, qualquer expressão fora de contexto, ela pode fugir daquilo que o interlocutor quis demonstrar", declarou o ministro.
Segundo Edinho Silva, independentemente de eventuais declarações, o que importa para o governo em relação a Temer é a "postura" do vice-presidente.
"Mais que uma frase ou outra que geralmente é utilizada e que gera polêmica, para nós o fundamental tem sido a postura do vice-presidente Michel Temer. E, nesse sentido, ele tem sido extremamente leal, correto, não só com o governo da presidenta Dilma, mas leal e correto com os interesses do país", afirmou.
O ministro disse confiar no "compromisso" do PMDB com a governabilidade e ressaltou a importância da atuação do partido para a superação da crise econômica.
"Para nós, o importante é que as principais lideranças do PMDB, é que o vice-presidente Michel Temer, que os ministros que compõem o governo e são do PMDB, estão comprometidos para que a gente supere esse momento de dificuldades e, em breve, o Brasil retome o crescimento econômico, a geração de empregos, porque efetivamente é isso que interessa para o nosso país", declarou.
'Proposital'
Uma importante liderança governista no Congresso disse reservadamente ao G1 que a declaração de Temer não foi retirada de contexto, como afirmou o ministro Edinho Silva, mas sim "proposital".
Na opinião dessa liderança, o vice sequer poderia ter aceitado convite para falar no evento de um grupo que, segundo afirmou, é de oposição ao governo. "Não tem nem como pensar em uma explicação, uma desculpa", disse.
Repercussão
Um dos principais nomes do PMDB no Congresso, o senador Romero Jucá (RR) disse acreditar que a declaração de Temer é "verdadeira" e que "todos os políticos avaliam dessa forma."
"Agora, é preciso pegar a declaração inteira. O presidente diz que dessa forma não pode continuar, que vai ter muita dificuldade mas diz também que o governo tem que fazer um esforço no sentido de melhorar a economia para recuperar a popularidade. Então ele aponta uma direção", ponderou Jucá.
O peemedebista ressaltou que a fala do vice-presidente não sinaliza que o PMDB irá "desembarcar" do governo. Para o senador, a declaração "mostra e reconhece o problema" pelo qual passa o país. "Agora, o PMDB é um partido político que tem responsabilidade com o Brasil e está marcando a sua posição. O PMDB quer ajudar, mas o PMDB quer mudanças", destacou.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), comentou as declarações do vice-presidente em sua conta no Twitter. Para o democrata, Temer disse o "óbvio".
Caiado, porém, criticou o posicionamento do vice-presidente de, segundo ele, "uma hora dizer que é preciso alguém para reunificar e outra falar o que o Brasil já sabe". Ao final, o senador fez um apelo: “É preciso agir, Temer”.
Para o líder do bloco da oposição na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), a fala de Temer é um "eco" de grande parte do PMDB que, segundo o tucano, "dá demonstrações, há tempos, de desembarque do governo."
"E acho que o episódio que marca essa nova relação é a decisão política da fala do vice Michel Temer. Nós a compreendemos como uma sinalização clara de que o PMDB está em processo de desembarque do governo. Isso pode dar muita força aos pedidos de impeachment protocolados na Câmara”, afirmou o deputado.
Fonte: G1
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