A impressão que o São Paulo tem hoje de Alexandre Pato é totalmente positiva e diferente daquela que o clube teve quando o atacante
chegou ao clube, trocado pelo meia Jadson, em fevereiro de 2014. A impressão que Pato tem de si mesmo também é diferente. Pato hoje é visto como postulante a líder, trocou o discurso "feliz e tranquilo" por frases mais fortes e com opinião própria, joga aquela que considera a melhor temporada de sua carreira e, na análise de quem está no CT da Barra Funda, até virou escudo para o elenco. E o próprio Pato sabe dizer o que motivou tal mudança.Quem conversa com Pato hoje ouve do jogador que ele se sente muito mais à vontade neste São Paulo do que naquele Corinthians de 2013, que investiu R$ 40 milhões para tirá-lo do Milan (ITA) após o Mundial. Ouve que ele não se vê apto a se comportar da forma como parte da torcida corintiana cobrou, que tinha menos diálogo com aquele grupo de jogadores do ex-clube e que no São Paulo encontrou uma camisa, uma torcida, um elenco e – com Juan Carlos Osorio – uma comissão técnica que entende melhor seu perfil e dá mais espaço para que ele se manifeste.
Pato também avalia que amadureceu durante os quase dois anos no Morumbi e, se tem de eleger uma pessoa que o ajudou a desenvolver o perfil mais experiente, escolhe Osorio. O técnico incentiva que o atacante participe do elenco não só tática e tecnicamente, mas que também exerça liderança a partir do bom momento que vive dentro de campo – é o artilheiro do time no ano, com 22 gols, recorde pessoal na carreira.
E Pato tem experimentado de exercer a liderança. Mais do que a braçadeira de capitão que chegou a vestir pela primeira vez em partida contra o Atlético-MG, por iniciativa de Rogério Ceni, Pato tem protegido o grupo de jogadores. Antes avesso aos microfones, ele é hoje o atleta que participa com maior frequência das entrevistas coletivas no CT da Barra Funda e nos últimos meses tem se voluntariado para falar após resultados ruins – o caso mais simbólico foi numa sexta-feira, 21 de agosto, imediatamente após a derrota para o Ceará, por 2 a 1, no Morumbi, pela Copa do Brasil. Foi naquele momento que Osorio começou a cogitar pedir demissão frente ao interesse da seleção do México e a uma mensagem enviada por um integrante da diretoria do clube, que questionava seu trabalho.
E a mudança não foi só a presença, mas também o conteúdo de cada entrevista de Pato. No Corinthians, ele se marcou por falar de forma pouco incisiva sobre diversos temas. Hoje, no São Paulo, ele fala com clareza que pretende voltar ao futebol europeu, que a diretoria do presidente Carlos Miguel Aidar deveria estar mais próxima do elenco em momentos conturbados e chegou até a ironizar protestos da torcida organizada. Tudo absolutamente diferente daquele Pato "feliz e tranquilo".
Pato também se policia internamente no clube para que a voluntariedade em falar pelo grupo em entrevistas coletivas não pareça uma tentativa de exposição além do normal. O jogador se preocupa em transmitir a mensagem de que aparece porque se sente muito mais parte deste grupo do que se sentia no Corinthians. Amostra disso é a iniciativa do atacante em participar das partidas – ele vai aos vestiários do Morumbi mesmo nos jogos em que não é relacionado e, no último fim de semana, seria poupado por Osorio e ainda assim pediu para ficar no banco de reservas contra o Avaí.
Outro amadurecimento de Pato destacado por quem trabalha no CT da Barra Funda é o tático. Com Tite, ele tentou ser ponta e não conseguiu. Com Mano Menezes, foi escalado dentro da área e também não funcionou. Com Muricy Ramalho, teve bons momentos como segundo atacante, mas ainda aquém do esperado. Com Osorio, no entanto, o próprio Pato sentiu liberdade para pedir que jogasse em uma determinada posição e em uma determinada função – na ponta esquerda, cortando para dentro e atacando em diagonal. Osorio aceitou e fez renascer o bom jogador de 2010 no Milan. A relação entre jogador e técnico, desde então, é de troca de intensos elogios.
Hoje, a impressão que se tem de Pato no São Paulo é de que ele não é apenas um jogador decisivo dentro de campo, mas também um componente fundamental do extra-campo são-paulino. Exerce liderança, mostra comprometimento ímpar e fala pelo coletivo com naturalidade.
Pato fala com clareza que quer voltar à Europa, mas também afirma também que sente vontade de virar ídolo em um clube e que tem no São Paulo a grande chance da carreira. Precisa, no entanto, de uma proposta para ficar após o término do contrato do empréstimo, em 31 de dezembro deste ano. O São Paulo já começou a colocar em prática o plano traçado para ficar com Pato, que prevê que parte da verba para pagar o salário do atacante seja revertida da receita do programa sócio-torcedor, mas ainda precisa encontrar forma de investir alguns bons milhões de reais para tirá-lo do Corinthians.
Fonte: Uol
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