Prestes a iniciar a 23ª rodada, este Brasileiro teve pelo menos 25 erros evidentes em momentos decisivos das partidas. O número representa, em média, mais de um erro por
rodada (1,13).
Diante do afastamento de cinco auxiliares e um juiz do Brasileiro pela CBF na última quinta (3) após marcações que a entidade considerou incorretas na 22ª rodada, a Folha formou uma comissão para identificar os erros de arbitragem em lances cruciais das partidas.
Integrada por cinco jornalistas da editoria de Esporte da Folha e pelo colunista Paulo Vinícius Coelho, esse grupo selecionou só erros relacionados a lances de GOL. Além disso, foram levados em conta apenas falhas consideradas incontestáveis ao longo dos 220 jogos.
Os famosos "lances polêmicos", sujeitos à interpretação, foram excluídos da contagem. Foram contabilizados momentos como faltas e toques de mão na bola dentro na área que foram ignorados ou marcados erroneamente, bem como impedimentos despercebidos ou incorretos.
Para o ex-árbitro Sálvio Spínola, comentarista na ESPN Brasil, trata-se de número elevado, mas que deve ser encarado com ponderação.
"É um exagero. Mas temos que saber distinguir entre arbitragem ruim e erros. A Fifa considera erro uma intervenção do juiz que afeta o resultado da partida. Há arbitragem ruim sem erros, e também atuação boa com falha."
Para o também ex-árbitro Leonardo Gaciba, comentarista da TV Globo, não houve queda na qualidade da arbitragem. "Tecnicamente, está no mesmo nível de dois, três anos atrás. São erros semelhantes, e as reclamações aumentam sempre na virada do turno, quando o campeonato começa a decidir quem vai brigar pelo título ou pela fuga do rebaixamento."
OS MAIS PREJUDICADOS
É possível notar que alguns clubes foram mais prejudicados pelos deslizes.
Atlético-MG, Flamengo, Fluminense, Palmeiras e Sport foram vítimas de três erros cada um, o que pode ter implicado prejuízo à suas campanhas. Do outro lado da equação, estão Avaí e Corinthians, que viram seus adversários serem prejudicados em quatro ocasiões em 22 jogos.
Em meio a essa série de erros, ressurge a discussão sobre a pertinência ou não do uso de tecnologia para coibir erros da arbitragem.
Uma possibilidade é dar a chance aos árbitros de interromper o jogo nos lances mais difíceis para que revejam o momento pela TV. É um recurso já utilizado em esportes como futebol americano (NFL) e basquete (NBA).
Spínola diz ser "totalmente favorável", mas não vê como panaceia. "O maior problema da arbitragem brasileira é mais de credibilidade do que técnico", diz.
Gaciba é mais cético. "Sou a favor da tecnologia, mas é difícil implementar. O futebol não tem tantas paradas como o vôlei. Imagina ficar em dúvida em um pênalti. Aí a bola vai para a outra área e o cara faz um gol de bicicleta? Vão anular esse GOL?"
CBF DESCARTOU SENSOR
Em casos em que a bola cruzou a linha, e o árbitro e seu auxiliar não perceberam, como aconteceu no jogo entre Palmeiras e Avaí, em 8 de julho, na 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, sensores na linha do GOLpoderiam se tornar uma solução.
Segundo a Folha revelou em 2014, a Fifa instalou nos estádios da Copa a tecnologia que acusa quando a bola passa a linha do GOL, mas a CBF decidiu não utilizá-la pelos custos de manutenção, estimados em R$ 648 mil.
Fonte: Folha de São Paulo
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