Depois de anunciar a demissão de 1,5 mil funcionários em São Bernardo do Campo (SP), a Mercedes-Benz negociou um acordo e cancelou as demissões, por pelo menos 12 meses, com a adesão ao
Programa de Proteção ao Emprego (PPE).
O acordo prevê a redução de 20% da jornada de trabalho por 9 meses, com redução de 10% dos salários para todos os 10 mil trabalhadores da fábrica - outros 10% serão financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
A Mercedes-Benz é a 1ª montadora a aderir ao programa para evitar demissões. Além disso, os salários serão reajustados com apenas 50% do INPC no próximo ano.
“Estamos felizes pelas famílias e pelos nossos funcionários, que terão a garantia de emprego até o próximo ano. Isso representa um fôlego tanto para a empresa quanto para os colaboradores diante de uma forte crise econômica no País”, afirmou em nota Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil.
A proposta foi aprovada em assembleia de trabalhadores na manhã desta segunda-feira. Com isto, os cerca de 7 mil funcionários da linha de montagem de ônibus e caminhões acabaram com a greve, que já durava 1 semana.
"Foi uma negociação dura que chegou a um resultado final positivo após o esforço conjunto dos trabalhadores, do sindicato e também da empresa. Revertemos as demissões com o PPE”, afirmou em nota o presidente do sindicato, Rafael Marques.
Histórico
O mercado brasileiro de caminhões vem em queda desde o começo de 2013, com a economia fraca, inflação alta e condições difíceis de financiamento limitando investimentos em veículos comerciais.
Em janeiro, 160 trabalhadores foram desligados. Outros 500 foram demitidos em maio. Em seguida, cerca de 300 ex-funcionários acamparam em frente a fábrica durante 26 dias de junho, pedindo a reversão da medida.
Na ocasião, um acordo de estabilidade similar, que reduzia a jornada em 20% e os salários em 10%, foi rejeitado pelos operários que continuaram na fábrica, e as barracas foram desmontadas.
No começo deste mês, a empresa alemã havia dito que ainda tinha cerca de 2 mil funcionários excedentes na fábrica em São Bernardo, que tem funcionado a menos de 60% da capacidade.
Antes de voltarem de uma licença remunerada, que começou em 7 de agosto, cerca de 1,5 mil funcionários começaram a ser notificados das demissões. Em seguida, cerca de 7 mil operários declararam greve por tempo indeterminado contra os cortes.
A Mercedes-Benz cortou cerca de 3 mil empregos no Brasil desde 2013, reduzindo sua força de trabalho para 11.854 trabalhadores até o final de junho. A companhia tem mais de 280 mil funcionários no mundo.
Fonte: G1
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