A família da auxiliar de enfermagem Deise Faria Ferreira, de 41 anos, ainda não tem pistas do que aconteceu com a mulher, que desapareceu há um mês, após
um ritual da seita do Santo Daime em uma chácara de Goiânia. “Ainda é um mistério. A polícia não deu nenhuma pista e não tivemos nenhuma notícia dela ou de pessoas que a tenham visto desde o desaparecimento”, disse ao G1 a irmã de Deise, Keila Faria Ferreira.
De acordo com os parentes, a Polícia Civil mantém sigilo sobre as investigações. A falta de respostas é uma das coisas que mais fazem a família sofrer. “Minha mãe ainda está muito abalada, ela não conseguiu voltar a trabalhar depois do que aconteceu. A filha da Deise, Apoena, chora todos os dias. A polícia diz apenas que tem muitas coisas para apurar e que não descarta nada e pede paciência”, conta.
Depois de um mês do desaparecimento, a família não tem mais esperanças de que Deise seja encontrada com vida. “A gente chegou a perguntar para o delegado qual a chance de ela estar viva. Ele disse que era de 0,001%”, revela.
Para a irmã, a morte tem um culpado certo: o líder do Instituto Céu do Patriarca e Matriarca, Cláudio Pereira Leite. “Ele causou a morte dela. Ela estava fazendo tratamento psiquiátrico e a médica disse que ela não podia interromper o tratamento. E o líder falou para ela parar de tomar os remédios. Foi isso que provocou ela ter algum mal súbito e eles ocultaram o corpo”, acusa.
O G1 tentou contato com o advogado da seita, mas as ligações não foram atendidas até a publicação dessa reportagem.
Diante da falta de esperança em encontrar a irmã viva, o que resta à família é esperar que o caso seja solucionado o mais rápido possível. A polícia aguarda o resultado de laudos periciais para detectar a presença de sangue nos pertences encontrados na chácara onde aconteceu o desaparecimento.
O G1 tentou contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil e também com o delegado responsável pelo caso, mas as ligações não foram atendidas até a publicação dessa reportagem.
Caso
A auxiliar de enfermagem foi vista pela última vez em 11 de julho, mas os parentes só foram informados quase 24 horas depois, quando os membros da seita levaram o carro da vítima até a família. A partir de então, a polícia foi acionada e deu início às investigações.
O Corpo de Bombeiros realizou as buscas por Deise na região em que ela desapareceu até o dia 17 de julho e informou que só realizará nova busca se for solicitado pela Polícia Civil.
Durante as buscas foram encontradas peças de roupa com manchas próximas à chácara em que ela foi vista pela última vez. A Polícia Civil realizou testes e concluiu que a substância não era sangue, mas não soube precisar o que teria gerado a mancha.
Remédios e drogas
Na época do desaparecimento, o advogado do Instituto Céu do Patriarca e Matriarca apresentou um documento que seria a ficha de inscrição de Deise para poder frequentar a seita. Datado de 25 de abril deste ano e com uma assinatura que ele diz ser da auxiliar, a mulher afirma que às vezes ingere álcool, mas que usa maconha com frequência. Ela responde ainda que não apresenta doenças psiquiátricas nem usa remédios para tratar essas enfermidades.
A família revelou que Deise passou a tomar medicamentos controlados para depressão cerca de 30 dias antes do desaparecimento. Ela reconheceu a assinatura da irmã e afirmou que os membros da seita ficaram sabendo quando ela começou a tratar a doença.
“Nesta data do documento ela realmente não tomava nenhum remédio. Tenho certeza que ela avisou o instituto depois de começar a tomar. Tem conversas dela no Whatsapp com o Antônio, com o André [membros da seita] eles orientando ela a procurar o padrinho, e ela falando que estava em tratamento tomando três tipos de remédio. É certeza que eles sabiam", afirmou.
Ritual de Santo Daime foi realizado em uma chácara de Nerópolis (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Fonte: G1
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