A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou nesta segunda-feira (1º) as mortes de três pacientes que haviam sido isolados após contato com uma paciente com superbactéria. Eles estavam
internados nas alas amarela e vermelha do Hospital Regional de Taguatinga. Outras 13 pessoas seguem sob monitoramento no local. Funcionários da unidade usam equipamentos de segurança, como luvas e máscaras, para evitar infecção.
De acordo com a pasta, entre as vítimas está uma mulher de 79 anos, que morreu neste domingo infectada com a superbactéria KPC. Ela deu entrada na unidade no dia 8 de maio. Outra idosa, de 80 anos, que também fazia parte do grupo isolado morreu no final de domingo com insuficiência respiratória. A Secretaria de Saúde investiga se ela também possuía a infecção. O terceiro é um idoso, de também 80 anos.
A interdição ocorreu nas alas vermelha e amarela, para atendimentos mais graves. Também estão suspensos os atendimentos de emergência nas áreas de clínica médica, ortopedia, cardiologia e cirurgia. A medida ocorre porque os pacientes graves não teriam onde ficar. A Secretaria de Saúde orienta que aqueles que necessitem desse tipo de atendimento procurem outras unidades da rede, até que as áreas sejam reabertas.
Segundo a diretora de Saúde de Taguatinga, Eliene Ancelmo Berg, o risco de contágio foi agravado pela superlotação na emergência no hospital. O pronto-socorro do HRT tem capacidade de 54 leitos, mas abrigava 168 pacientes na tarde desta quinta.
Na sexta, a secretaria isolou três pacientes da clínica médica do Hospital Regional do Guará depois de exames apontarem a presença da superbactéria Acinetobacter baumanii. De acordo com a pasta, em dois dos casos havia apenas colonização – o micro-organismo não foi encontrado nem no sangue, nem na urina. No terceiro, há infecção. Ele faz uso de antibióticos.
Ainda segundo a secretaria, a bactéria é resistente e comum em ambientes hospitalares. O contágio ocorre apenas pelo toque. Leitos vizinhos aos dos pacientes foram bloqueados.
A secretaria afirmou que não há risco de contaminação ou epidemia e que todos os cuidados necessários estão sendo tomados na unidade para evitar a transmissão para outros pacientes. A equipe médica está usando máscaras, capotes e luvas descartáveis.
Resistência
“Superbactéria” é um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia, resistentes a muitos medicamentos.
Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos – fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.
No território nacional circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência, como infecções hospitalares.
Fonte: G1
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