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quinta-feira, maio 28, 2015

Presos na 'Sete Chaves' começam a ser ouvidos pela Polícia Federal na PB

Operação da PF desarticula esquema de contrabando de turmalina' (Foto: Divulgação / PF)Os seis suspeitos presos durante a Operação Sete Chaves, da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal, começam a ser ouvidos nesta
quinta-feira (28) pelo delegado Fabiano de Lucena Martins. Segundo a assessoria da PF na Paraíba, todos os detidos na operação que desarticulou um esquema milionário de extração ilegal da turmalina paraíba, foram transferidos para a Superintendência da Polícia Federal, em Cabedelo, na Grande João Pessoa.
De acordo com o procurador federal João Raphael de Lima, o MPF obteve a expedição de oito mandados de prisão para pessoas envolvidas na organização criminosa que lavrava ilegalmente a turmalina paraíba na mineradora em São José da Batalha. Destes oito mandados de prisão, a Policia Federal cumpriu seis deles, um continua em aberto e o outro resultou em um alerta para Interpol, por se tratar de um suspeito que reside fora do Brasil.
Os seis presos no Brasil foram transferidos de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte para a Paraíba no decorrer da quarta-feira (27), de acordo com a Polícia Federal. "Eles serão ouvidos na sede Superinendência da Polícia Federal para esclarecer outros fatos relacionados a investigação para que o MPF possa formar a sua convicção sobre quais crimes definitivamente foram cometidos, apurar a necessidade de novas diligências ou desde já propor as ações penaos cabíveis", disse João Raphael.
O esquema de extração ilegal da turmalina paraíba, desarticulado durante operação conjunta entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) nesta quarta-feira (27), movimentou mais de R$ 2,5 milhões entre os oito investigados.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Fabiano de Lucena Martins, o potencial exploratório da mina era de cerca de 1 bilhão de dólares.
Os detalhes da investigação, que teve início em 2009, foram divulgados em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Cabedelo. Foram apreendidos carros de luxo, uma quantia em dinheiro não divulgada e algumas pedras de turmalina. Nenhuma das prisões realizadas na operação foi feita na Paraíba, segundo a polícia.
Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, usurpação de patrimônio da União, organização criminosa, contrabando e evasão de divisas. A operação ‘Sete Chaves’ ocorreu nas cidades paraibanas de João Pessoa, Monteiro e Salgadinho e também nos municípios de Parelhas e Natal, no Rio Grande do Norte, além de Governador Valadares (MG) e São Paulo (SP).
Esquema
Durante a entrevista coletiva, a Polícia Federal apresentou um mapa  do caminho que as pedras faziam no esquema (veja abaixo). Segundo a PF, o esquema criminoso começava com a extração da pedra no distrito de São José da Batalha, em Salgadinho (PB). Uma empresa paraibana existente no local não possuía licença para extração da pedra, mas segundo as investigações, as pedras paraibanas eram extraídas pela empresa, ilegalmente, e enviadas para uma mina na cidade de Parelhas (RN), onde ganhavam certificados legais de exploração.
Do Rio Grande do Norte, as pedras seguiam para Governador Valadares (MG), para serem lapidadas. Lá, comerciantes enviavam as gemas para o exterior, em mercados na cidade de Bangkok, na Tailândia, Hong Kong, na China e Houston e Las Vegas, nos Estados Unidos.
"As pedras paraibanas são de maior qualidade e portanto atraem maior interesse de colecionadores e dos suspeitos. As pedras eram exportadas como sendo do Rio Grande do Norte, e assim declaradas com valor inferior, e só no mercado do exterior que os comerciantes diziam a real origem da pedra paraibana e portanto vendiam com preço elevado", disse o delegado.

Mapa divulgado pela Polícia Federal mostra o caminho que as pedras faziam desde a extração ilegal até o destino final, no exterior (Foto: Divulgação/Polícia Federal)Mapa divulgado pela Polícia Federal mostra o caminho que as pedras faziam desde a extração ilegal até o destino final, no exterior (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

O delegado comentou que por causa da cor e da raridade da pedra, um quilate (0,2 gramas) da turmalina paraíba custa US$ 30 mil. Ainda de acordo com o delegado, a depender das características, o valor pode subir para US$ 800 mil. A turmalina paraíba só é encontrada em cinco minas em todo mundo, três estão na Paraíba e duas na África. As pedras extraídas na Paraíba são consideradas as mais valiosas entre as turmalinas, segundo Fabiano de Lucena Martins.
Segundo a Polícia Federal, entre os integrantes suspeitos de participarem da organização criminosa estão diversos empresários e um deputado estadual, que utilizavam uma rede de empresas para realizar o suporte das operações bilionárias em negociações com pedras preciosas e lavagem de dinheiro.
A PF e o MPF não divulgaram o nome do parlamentar envolvido, mas a assessoria do deputado estadual João Henrique (DEM-PB), sócio de uma empresa de mineração na Paraíba, encaminhou nota se posicionando sobre a operação.
"A empresa do deputado está completamente regular perante a Receita Federal e o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), sendo a única que dispõe de concessão de lavra para o minério turmalina", informa a nota.
A assessoria de imprensa informou ainda que "o deputado apoia e contribuirá incondicionalmente com as investigações, porque também é vítima desses criminosos que vêm praticando o crime de lavra clandestina na região, através de empresas com ramificações em Parelhas, no Rio Grande do Norte, Governador Valadares, em Minas Gerais, Bangkok, Tailândia, Hong Kong, China, Houston e Las Vegas".
A polícia suspeita que um grande volume destas pedras esteja nas mãos de joalheiros e de pessoas no exterior. O nome da operação faz referência aos negociadores no mercado restrito da turmalina azul, que guardavam à ‘sete chaves’ o segredo sobre a existência de uma pedra valorizada e pouco conhecida no mercado.


Fonte: G1

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