A promotora de Justiça titular da 15ª Promotoria de Investigação Penal devolveu, nesta quinta-feira (12), à 13ª DP (Ipanema) o inquérito sobre a morte de Douglas
Rafael da Silva Pereira, o DG, dançarino do programa "Esquenta", da TV Globo. A promotora quer que os peritos da Divisão de Homicídios, responsáveis pelo laudo de reprodução simulada, prestem informações que permanecem obscuras.
Uma das explicações requisitadas é o fato de a camisa do dançarino não apresentar nenhuma perfuração, apesar de o laudo de exame cadavérico indicar os orifícios de entrada e de saída do projétil de arma de fogo. A promotora fixou o prazo de 15 dias a partir do recebimento do inquérito para o envio dos esclarecimentos.
O delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Copacabana), enviou o inquérito ao Ministério Público no dia 4 de março, pedindo a prisão preventiva de Walter Saldanha Correa Junior, o PM apontado como o autor do tiro que matou DG no Pavão-Pavãozinho, em abril de 2014. Mária de Fátima Silva, mãe do dançarino, se disse aliviada com o fim do inquérito, mas apesar da confirmação de que a bala saiu da arma de um PM, discorda da perícia.
Laudo
O laudo da necropsia identificou que o tiro atingiu as costas de DG, entre a região lombar direita e a região dorsal direita, de baixo para cima. O projétil destruiu o pulmão e saiu na parte de cima do braço direito, perto do ombro. Uma foto mostra o trajeto que o tiro percorreu no corpo de DG.
A causa da morte foi hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax.
"Todos estavam na base da UPP [Unidade de Polícia Pacificadora]. Por volta das 22h, o sargento Alessandro da Silva anunciou que uma pessoa anônima tinha ligado para o Disque-Denúncia, avisando que o traficante Pitbull, chefe do tráfico, estava no teleférico da favela. O sargento perguntou quem queria checar se era verdade. A decisão demorou. Mas, lá para 0h30, os PMs foram patrulhar a comunidade", disse o soldado Walter, em seu último depoimento à polícia.
Na versão do soldado, o tiroteio com criminosos começou quando eles chegaram em uma quadra de esportes. Eram nove policiais, que procuraram abrigo em um prédio de cinco andares, que fica atrás de um dos gols.
Fotos da reconstituição mostram que os três PMs entraram e subiram as escadas: os soldados Márcio Vieira, Rafael Leopoldino e Glauco Ranquine. Os outros seis ficaram na rua, em frente ao prédio. Entre eles, o soldado Walter Saldanha Corrêa Júnior. Segundo o delegado, o autor do disparo que matou o DG.
O sargento Alessandro estava com um rádio transmissor, ouvindo a conversa dos traficantes, quando gritou "granada, granada". Valadão, o sargento, e o soldado R. Bispo correram para uma vala próxima e se esconderam.
O soldado Valadão disse que ouviu um disparo no momento em que a luz da comunidade se apagou e depois foi possível ouvir mais disparos. Quando o confronto acabou, todos se reuniram novamente em frente ao prédio e, em seguida, voltaram para a base da UPP.
Regina Casé era uma das mais emocionadas na velório (Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo)
Fuga
Segundo a polícia, para fugir dos tiros, mesmo depois de ferido, DG saltou do beiral da laje para o muro em frente. Dali, pulou para o telhado de uma creche onde havia duas caixas d'água.
A tampa de uma delas estava aberta. Em seguida, o dançarino passou sobre o telhado de um colégio e da laje de uma creche vizinha. DG desceu cambaleando em um corredor lateral. Caminhou muitos passos degraus abaixo, caiu várias vezes e morreu. O muro ficou marcado de sangue. Em fotos, o rapaz está com a camisa pra fora da calça e vestida pelo avesso.
Na época da morte, parentes e amigos disseram que DG tinha ido à comunidade visitar a filha, foi confundido com traficantes e fugiu para se proteger.
Fonte: G1
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