Partidos da oposição na Câmara dos Deputados, como o PSDB, o DEM e o PPS, já começaram a coletar assinaturas para reativar a
CPI mista da Petrobras em 2015. De acordo com as normas do Congresso Nacional, são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), disse nesta segunda-feira (17) que já conseguiu recolher em torno de 30 assinaturas, incluindo de alguns parlamentares recém-eleitos.
“Vamos conseguir de toda a nova bancada, que são 54. Queremos que seja a primeira CPI mista a ser protocolada no início da próxima legislatura. O [senador] Aloysio [Nunes Ferreira, líder do partido no Senado] também já começou a coleta", afirmou o líder tucano.
Na avaliação de Imbassahy, apesar de a atual comissão estar em funcionamento, não haverá tempo suficiente para avançar nas investigações sobre as denúncias de corrupção na estatal ainda neste ano.
O tucano reclama da articulação do governo para impedir convocações de suspeitos de envolvimento no escândalo. Na semana passada, o requerimento para ouvir o ex-diretor da estatal Renato Duque, preso pela Polícia Federal na última sexta (14), acabou não sendo votado após manobra da base aliada. Os deputados governistas não apareceram na reunião, que acabou encerrada por falta de quórum.
“A gente percebeu, com a reeleição [da presidente Dilma Rousseff], as dificuldades para prosseguir com a investigação nessa legislatura”, disse Imbassahy.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), também confirmou ao G1 que está em busca de assinaturas no seu partido para uma CPI mista no ano que vem.
“Esse caso não vai acabar neste ano e eu não acredito que a atual comissão vá chegar a um ponto de conclusão muito forte. A Justiça e a Polícia Federal conseguiram aprofundar mais as investigações. A CPI ficou a reboque”, avaliou o parlamentar.
Líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PR) também está empenhado para viabilizar a nova comissão. Ele disse que seu partido irá se reunir nesta terça (18) "para estabelecer uma estratégia para poder buscar assinaturas, inclusive, dos novos deputados.”
O prazo de funcionamento da atual CPI, criada em maio, se encerra no domingo (23), mas é provável que seja estendido até 22 de dezembro, último dia do ano legislativo antes do recesso parlamentar.
Nesta semana, estão agendadas duas sessões. Os oposicionistas prometem pressionar na sessão desta terça para conseguir aprovar a convocação de Renato Duque e outros acusados de ligação com o esquema na estatal. “Vamos querer ouvir todo mundo”, disse Bueno.
Na quarta (19), está prevista uma audiência pública para debater o modelo de contratação da Petrobras.
CPI 'inflada'
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT-RS), defendeu nesta segunda que a CPI não seja “inflada” neste momento com a convocação de Renato Duque, como quer a oposição.
A justificativa de Fontana é que a Polícia Federal e outros órgãos já estão investigando as irregularidades e que o trabalho do colegiado pouco tem contribuído para o avanço no esclarecimento das denúncias.
“A CPI é um simples ambiente de repercussão do que as instituições públicas estão investigando, como o Ministério Público, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União”, afirmou Fontana.
Ele acusou ainda a oposição de tentar tirar proveito político da situação. “Eu acho que a investigação, quanto menos partidarizada for, muito melhor será para o futuro republicano. Na minha avaliação, a CPI não deve ser inflada neste momento”.
Fontana afirmou ainda que o governo tem interesse no aprofundamento das investigações, mas pede “calma” sob risco de, ao acelerar a “luta política”, prejudicar “a luta institucional contra a corrupção”.
“Queremos ver a fundo como é o esquema, se tem mesmo, quem são os envolvidos, qual o lucro superfaturado, mas fazem da CPI um cenário de luta política partidária, onde a oposição tenta fazer dela uma ferramenta anti-Dilma e anti-governo e anti-PT”, acusou.
Fonte: G1
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