O Ministério Público do Rio de Janeiro descobriu que parte do dinheiro arrecadado por uma quadrilha de agiotas, que foi
desarticulada durante operação policial nesta quarta-feira (12), foi usado para financiar campanhas políticas nas eleições de 2012. Segundo o promotor responsável pelas investigações, um dos chefes da quadrilha repassou mais de R$ 2 milhões a um candidato.
De acordo com o promotor Marcelo Maurício Barbosa Arsênio, o dinheiro era lavado por empresas de integrantes da quadrilha antes de ser empregado na campanha eleitoral.. Ele esclareceu não ser possível saber se os candidatos beneficiados sabiam que o dinheiro era ilícito. “O que se sabe é que um dos chefes da organização teria gasto mais de R$ 2 milhões numa campanha específica. Agora, se esse dinheiro foi contabilizado na prestação de contas, não tem como saber”, disse.
Ao todo, 18 pessoas foram presas na operação. As investigações apontaram que o grupo fez vítimas em pelo menos oito municípios fluminenses: São Gonçalo, Nova Iguaçu, Queimados, Duque De Caxias, Barra Mansa, Macaé e na capital.
Segundo o MP, a quadrilha cobrava mais de 30% de juros dos clientes e dificultava o pagamento para impedir que o débito fosse quitado. Conforme mostrou o RJTV, em uma escuta telefônica, feita com autorização da Justiça, dois integrantes da quadrilha combinavam como agir.
“Só tem uns clientes mais certinhos, que a gente está, falei com o Jorginho, dos clientes que pagam direitinho, certinho, pra liberar eles porque mês que vem agora tem negócio do décimo terceiro, pra ver também se enrola pro neguinho não quitar, né. Se não chega agora, décimo terceiro agora, mês que vem, e querem quitar a p.. toda”, diz um dos integrantes do grupo em uma das ligações interceptadas.
A Justiça decretou a prisão de 41 pessoas envolvidas no esquema criminoso, mas somente 18 foram encontradas durante o cumprimento dos mandados nesta quarta-feira. Os presos vão responder por formação de quadrilha armada, agiotagem, corrupção e extorsão.
Policiais envolvidos
Ainda segundo o MP, um policial civil e dois militares faziam parte do esquema. Os dois PMs estão entre os presos. Eles recebiam propina para avisar a quadrilha sobre operações e também quando vítimas procuravam a delegacia para denunciar as extorsões.
Numa das ligações interceptadas, os agiotas conversam sobre o pagamento aos policiais.
- Eu cheguei a te passar o valor, não passei? Do dinheiro dos caras da polícia?
- Foi R$ 300, não foi?
- É, isso aí mesmo.
- Tá tranquilo então.
As investigações revelaram que se as vítimas atrasassem o pagamento, sofriam ameaças e violencia física.
- O escritório tá aberto?
- Tá aberto sim, filho.
- Tá, eu vou aí pagar minha conta, tá?
- Tá ok então.
- O Fabinho trabalha com vocês?
- Trabalha sim.
- Quer falar com ele?
- Não, ele tá ameaçando minha família de morte. Eu vou aí acertar essa conta aí.
- Olha só, ligando pros meus amigos que são tudo pessoas idôneas, comerciantes, ligou pra minha filha, falou que ia pressionar minha família. E minha filha toma remédio depressivo, tá?
- Eu fui pagar essa conta aí, r$ 215, só porque tinha 4 dias vencido ele não quis receber a conta.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!