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sexta-feira, agosto 15, 2014

Vídeo mostra avião que caiu em praia de Natal durante a 2ª Guerra Mundial

Motor do Ventura, ainda com as hélices, encontra-se numa empresa de ônibus (Foto: Arquivo/Augusto Maranhão)Um vídeo de aproximadamente 4 minutos, gravado embaixo d'água, mostra cenas de um avião americano que caiu no litoral
potiguar há 71 anos. As imagens serão doadas para o acervo do Centro Cultural Rampa, que envolve o Museu da Rampa e o Memorial do Aviador. A Rampa é uma antiga estação de passageiros e de transporte de correspondências que fica no bairro da Ribeira, na Zona Leste de Natal. O local serviu como base para receber hidroaviões durante a Segunda Grande Guerra. As obras do museu foram licitadas em janeiro do ano passado. A reforma foi iniciada, mas está parada há três meses.
As imagens são do funcionário público José Pinto, que também é mergulhador, e foram feitas a cerca de 100 metros das areias da Praia do Forte numa profundidade de pouco mais de 10 metros. O Lockheed Ventura serviu às Forças Armadas dos EUA e é um dos três aviões que caíram na costa potiguar durante a 2ª Guerra Mundial. Nenhum deles foi derrubado em combate. Relatórios da época apontam que as aeronaves sofreram acidentes.
Após a guerra, pelo menos outros sete aviões, pertencentes à Força Aérea Brasileira (FAB) também caíram em águas potiguares. Porém, apenas o Ventura ainda é possível ser visto na forma de um avião. Os demais, o tempo e a retirada indiscriminada das peças os transformaram num amontoado de destroços.

Bimotor Ventura caiu na costa de Natal com 10 combatentes a bordo; cinco morreram (Foto: Arquivo/Augusto Maranhão )

Entre 1941 e 1946, a capital potiguar recebeu milhares de soldados americanos por ser o Rio Grande do Norte, a partir da América do Sul, o ponto mais próximo dos continentes europeu e africano. Em Parnamirim, na Grande Natal, uma base aliada foi montada para receber aviões que vinham dos Estados Unidos. As aeronaves cruzavam o céu a todo instante.
Os destroços do Ventura foram encontrados há 10 anos, quase que por acaso. “Nós estávamos participando de uma caça submarina aqui, eu e Aurélio Ribeiro Trigueiro, um mergulhador bem conhecido, quando um pescador nos chamou para desenganchar o anzol dele. Esse meu amigo foi lá, mergulhou, e se deparou com o avião”, conta o funcionário público José Pinto, que também é mergulhador.
“Depois eu mesmo mergulhei. Fiquei pasmo em ver uma aeronave inteira, praticamente completa, com duas metralhadoras. Começamos a explorar o local e levamos essas informações até a Fundação José Augusto. Depois fizemos uma expedição, que foi quando nós recolhemos as metralhadoras, alguns detalhes do avião, manche, pedaleira”, acrescentou.

Metralhadora do Ventura foi retirada do fundo do mar (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)Metralhadora do Ventura foi retirada do fundo
do mar (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
O local do acidente, embora próximo da praia, é um trecho em que o mar é muito agitado. Embaixo d'água a visibilidade nem sempre é boa. As imagens, inéditas, foram gravadas por José Pinto e mostram, 71 anos depois, a carcaça do bimotor (veja acima o vídeo). É possível identificar as asas e a estrutura do avião. Na queda, morreram cinco dos dez combatentes que estavam a bordo da aeronave.
Fred Nicolau, subcoordenador de projetos da Fundação José Augusto, revela que o relatório oficial do acidente, que ele recebeu da Marinha dos Estados Unidos, menciona que o avião teve uma pane em um dos motores logo depois que decolou da base aérea de Parnamirim.
Ao longo destes dez anos de descoberta, partes do avião vêm sendo retiradas por pescadores e vendidas em ferros velhos. Rosivaldo Siqueira de Melo, que é pecador, confirma que várias peças foram retiradas do mar e comercializadas como sucata.
Alguma coisa ainda foi salva por mergulhadores. Hélices curvadas, os motores, o manche, a cadeira do piloto e pedais contam a história, mas estão guardados sem o cuidado adequado na garagem de uma empresa de ônibus da capital. “Infelizmente, muito se perdeu”, diz Nicolau.
O que restou tem um endereço certo: o Museu da Rampa, que deve abrigar uma exposição permanente sobre a 2ª Grande Guerra. O acervo, com mais de 300 peças da época, tem fotos, equipamentos e roupas reunidas por pesquisadores locais.
O empresário Augusto Maranhão, dono da empresa de ônibus onde boa parte do acervo está guardada, diz que é preciso conscientizar as pessoas para a preservação da história de Natal. “Pra gente poder mostrar às gerações futuras a importância que foi a nossa cidade para a 2ª Guerra Mundial”, frisou.


Fonte: G1

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