O Ministério Público abriu uma investigação sobre o mosteiro em Caçapava do Sul, na Região Central do Rio Grande do Sul, que recebe jovens em situação de
vulnerabilidade social mantido pelo ex-padre João Marcos Porto Maciel, o Dom Marcos de Santa Helena. O objetivo é apurar se houve pedofilia por parte do religioso, depois que dois homens o apontaram como responsável por ter abusado sexualmente deles quando eram adolescentes em reportagem do Teledomingo, da RBS TV.
Na manhã desta quarta-feira (30), a promotora Cíntia Foster, do Ministério Público Estadual na cidade gaúcha, se reuniu com representantes do Conselho Tutelar, que informaram que os jovens não passam as noites no local. "Os pais consentem expressamente que os filhos passem o turno inverso [ao da escola], a manhã ou a tarde lá", disse a promotora.
O caso veio à tona com a publicação do livro de um empresário mineiro de 48 anos. Após ler a história relatada na obra, um músico disse ter sido vítima do mesmo agressor. Cíntia disse que o MP dará sequência às investigações antes de decidir se vai entrar com uma medida cautelar na Justiça pedindo que nenhum menor de idade frequente o local.
"Primeiramente vamos fazer um levantamento de quem são essas crianças e a que título estão lá, e vamos ouvi-las. Aí vai se verificar se há a necessidade ou não [de solicitar a medida cautelar]", afirmou.
Em entrevista à RBS TV, Dom Marcos negou ter abusado sexualmente dos dois homens, e garantiu que não há pedofilia no mosteiro. "A casa aqui está aberta para o Ministério Público, para a juíza, para a promotora, para quem quiser. Não tenho nada a esconder", respondeu.
O nome de Maciel foi revelado pelo empresário Marcelo Ribeiro. Ele participou do coral de Dom Marcos na década de 80 e afirma que foi abusado sexualmente pelo religioso. "Quando eu tinha 11 para 12 anos em uma viagem, eu acordei com ele na minha cama. A partir daí os assédios começaram com beijos, com coisas, só que eu já era uma criança dominada por ele, eu já tinha uma obediência absoluta, isso facilitou o abuso sexual, que aconteceu dos 12 para 13 anos", disse o empresário.
Dom Marcos nega. "Ele não sabe o que dizer para impressionar as pessoas que o escutam. Sei que ele escreveu um livro que não li nem e me interesso em ler. Diz tudo quanto é coisa que lhe vem a cabeça, e o papel aceita tudo o que se escreve. Ele pagando, já que certamente pagou pela impressão, pode dizer o que quer e pronto", afirmou o religioso.
O advogado e músico gaúcho Alexandre Diel também afirma ter sido vítima do religioso na adolescência. "O primeiro abuso foi acontecer mais ou menos dois anos depois que eu já estava no coral, ele estava com um balde de roupa suja, e chamou para levar as roupas para lavar, desci e ele fechou a porta, baixou minhas calças. Essas ações se repetiram durante quase três anos", disse Diel.
Ao ser questionado sobre a segunda acusação, Dom Marcos riu. "É engraçado, [porque] eu nunca fui lavar roupas. Naquela época eu tinha minha mãe que fazia todo esse trabalho. Ela ia à lavanderia, eu raramente entrava lá", afirma o investigado, acrescentando que mais de 8 mil adolescentes já passaram pelo coral e tiveram aulas de música.
Em 2009, o religioso saiu da Igreja Católica. Representantes dizem ter recebido denúncias de assédio, que não foram comprovadas. Mais tarde, Dom Marcos ingressou na Igreja Anglicana, de onde também foi afastado dois anos depois.
"Ele foi excomungado e suspenso perpetuamente do exercício ministerial sacerdotal. Ele não é padre católico atualmente, não responde a nenhuma igreja", diz o padre Rudinei Lasch, pároco de Caçapava do Sul.
Entretanto, Dom Marcos diz que não foi excomungado pelas igrejas Católica e Anglicana, mas sim que ele pediu para sair por motivos de saúde. Os decretos da Igreja afirmam mau comportamento.
O religioso também nega qualquer tipo de violência contra um adolescente, em Caçapava do Sul, que procurou a polícia para pedir ajuda há quatro anos. Ele segue com o trabalho no mosteiro no interior de Caçapava do Sul e nega qualquer caso de pedofilia.
"Aqui não existe isso, não existe. São cogitações, especulações feitas, porque quando surge um boato, todo mundo já cria outras estórias em cima, enfeita", declara o ex-padre.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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