Dois meses depois de ganhar R$ 37.626.306,90 ao acertar os seis números da Mega-Sena, o produtor rural de Figueirão, a 246 quilômetros de Campo Grande,
cumpriu uma promessa feita ao pai, já falecido. Neste domingo (22), o milionário doou, durante um leilão, R$ 3,7 milhões a três hospitais, sendo dois de tratamento para câncer e um do município.
O idoso de 70 anos mora no município com cerca de 3 mil habitantes. Ele acertou sozinho os números do concurso 1.591, realizado no dia 16 de abril. O valor do prêmio é três vezes maior que o orçamento anual da administração municipal.
"Fiz uma promessa para fazer essa doação porque meu pai morreu de câncer. Uma sobrinha minha também morreu por causa dessa doença. Então, uma das primeiras coisas que quis fazer com esse dinheiro foi ajudar essas pessoas a passarem por isso", explicou.
Ele disse ao G1 que, depois de ficar milionário, foi conhecer o trabalho das unidades de saúde que receberam as doações.
"Meu pensamento é sempre de ajudar os outros, porque é assim que Deus quer que seja", ressaltou.
Foram beneficiados o Hospital de Câncer Alfredo Abrão, de Campo Grande, MS, o Hospital do Câncer de Barretos, em SP, além do Hospital Municipal Mariana Silvéria Furtado, da cidade onde o idoso mora. Representando o Hospital do Câncer Alfredo Abraão, o diretor da unidade Carlos Alberto Moraes Coimbra agradeceu.
"Recebemos essa doação com alegria e muita honra. Esse dinheiro veio em boa hora e vai servir para aquisição de novos equipamentos", explicou. O representante do Hospital do Câncer de Barretos, o gerente de captação Luiz Antônio Zardini, também agradeceu a iniciativa.
"Qualquer tipo de doação ajuda o hospital a manter suas portas abertas. Hoje temos R$ 23 milhões de despesas mensais no hospital e um déficit de R$ 8 milhões, então qualquer doação é bem-vinda", garantiu Zardini. Conforme o gerente, as nove unidades da rede atendem cerca de 4 mil pessoas por dia. Segundo ele, oito estão em funcionamento e uma em fase de implantação.
Leilão pela Vida
Além da entrega dos cheques simbólicos, o chamado “Leilão pela Vida” também arrecadou dinheiro para os hospitais através da venda de cerca de 600 cabeças de gado, que totalizaram cerca de R$ 800 mil.
Segundo um dos organizadores do evento, Rubens Catenacci, o leilão tem o objetivo de promover ações de solidariedade e incentivar mais doações para estes hospitais.
"Esse gesto do ganhador da Mega-Sena é muito nobre, e deve servir de exemplo para o Brasil inteiro, onde toda semana alguém ganha na loteria", explicou Catenacci.
Conforme o pecuarista, esta foi a nona edição do leilão, mas a primeira vez com valor expressivo de doações. "Cada um ajudou do jeito que pode, teve produtor rural doando ovelha, bezerro, botas e outros produtos que foram leiloados", ressaltou.
Vida mansa
Apesar da conta bancária recheada, o milionário confessa que de lá para cá algumas coisas mudaram, mas garantiu ao G1 que continua vivendo sem luxos, porque prefere levar uma vida simples.
"Sou o mesmo homem, simples, do mato, meio caipira e quero morrer assim. Fiz novas amizades, fiz novas preocupações também", explicou.
O idoso diz que reagiu com calma ao saber que tinha ficado milionário. "A gente balança um pouco a estrutura, mas apesar de três pontes de safena consegui manter a calma. A sensação é boa", relembrou.
Emancipação
Localizado na microregião do Alto Taquari, Figueirão foi criado como distrito de Camapuã em 20 de dezembro de 1963, conforme a Lei Estadual nº 2.087. Quatro décadas depois passou a ser município, a partir de 29 de setembro de 2003, por força da lei nº 2.680.
Conforme a prefeitura de Figueirão, a população no município é de 2.927 mil habitantes, segundo o último Censo Demográfico do IBGE (2010). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita é de R$ 19.137,41. A base econômica do município é a pecuária de corte e o gado leiteiro. O rebanho no local é superior a 170 mil cabeças.
A cidade possui uma área de 4.914,78 km², o que representa 1,37% da área total de Mato Grosso do Sul, e faz divisas com os municípios de São Gabriel D'Oeste, Costa Rica, Alcinópolis, Coxim e Camapuã.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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