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domingo, maio 18, 2014

Investigado por sonegação, Felipão se vê vítima de interesse e promete foco

"Eu estou tranquilo". "Não tem problema algum". "Se está tudo dentro da normalidade...". Questionado pela revista "Época" se está dormindo direito, o técnico Luiz Felipe Scolari, comandante da seleção brasileira, colocou essas três frases no início da resposta. O treinador é alvo de
uma investigação sobre sonegação fiscal na época em que dirigia a equipe nacional de Portugal. Quando abordou esse assunto, fez enorme esforço para mostrar que não está abalado e que não vai deixar os problemas pessoais influenciarem durante a Copa do Mundo deste ano, cujo início está previsto para 12 de junho.

"Algumas coisas vêm acontecendo que poderiam me tirar da normalidade. Vejo que não são coisas e que têm cunho interesseiro. Continuo fazendo o que tenho de fazer: cuidar da seleção e estar feliz com o grupo com que trabalho. Nada nem ninguém ou qualquer situação que possa acontecer me tirará essa condição. Vou receber os jogadores, abraçá-los, vou estar com eles, serei feliz, vou trabalhar com alegria. E quando tiver de tomar uma atitude diferente, mais tarde, eu tomarei. No momento, esse é o meu foco", disse o técnico da seleção à revista.

Scolari é investigado por sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. O inquérito ainda está em andamento, e não há nenhuma denúncia formal contra o treinador. Segundo o Fisco português, ele declarou ter recebido apenas 255 mil euros (R$ 774 mil) entre 2003 e 2008, período em que comandou a seleção lusitana, mas duas empresas (Chaterella e Flamboyant) amealharam 7,4 milhões de euros (R$ 22,4 milhões) pela venda de direitos de imagem do brasileiro.

"Não tenho que me preocupar com uma situação que é de Justiça, com envolvimento de escritórios, empresas. Não tem nada. Não estou preocupado com isso. É uma situação que eu tenho de resolver. Se isso é segredo de Justiça, como pode estar exposto dessa forma? Porque é uma maldade", continuou Scolari.

O esforço do treinador para mostrar-se inabalável só derrapou um pouco na resposta seguinte. Inicialmente, Scolari repetiu o tom do discurso anterior: "Não vão tirar minha alegria. Não conseguirão que eu trabalhe diferente com o meu grupo. Não conseguirão nada. O resto é jurídico. São teses, são situações. Eles que decidam lá, eles que se preocupem, não vai mudar minha vida".

Depois, porém, Felipão admitiu que está chateado com a polêmica, que envolve família e filhos. E aí deu a única declaração em que contrariou um pouco o tom anterior: "Não nasci para ser Jesus Cristo. Não nasci para dar o outro lado da minha face. É só o que eu digo".

Reprodução Cidade News Itaú via Uol

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