O chefe do Estado-Maior da Rússia, Valeri Gerasimov, anunciou nesta quarta-feira (26) que os militares ucranianos alocados na Crimeia
começarão a deixar a península hoje e o farão em um trem e sem seus armamentos e equipamentos.
"Em virtude de um acordo entre os Ministérios da Defesa da Rússia e da Ucrânia, os efetivos das Forças Armadas da Ucrânia e membros de suas famílias sairão da Crimeia em transporte ferroviário", disse o general russo aos jornalistas.
Também esclareceu que "todos os militares que manifestaram seu desejo de continuar a servir as Forças Armadas ucranianas estão fora de suas unidades, depois que entregaram suas armas, e se preparam para deixar a Crimeia junto com suas famílias e pertences pessoais".
A Ucrânia, que ordenou a retirada de suas tropas da Crimeia há dois dias, quando já tinha perdido praticamente todas as suas unidades e navios na península, negociou até o último momento a possibilidade de sair com seus armamentos, veículos e equipamentos.
A vice-secretária do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Victoria Siumar, explicou ontem que os efetivos da Marinha serão recuados até o porto de Odessa e para a região de Kherson, enquanto o restante dos militares continuarão o serviço nas regiões de fronteira.
O ex-ministro da Defesa ucraniano, Igor Teniukh, garantiu ontem, antes de apresentar sua renúncia, que os 4 mil soldados ucranianos que desejam continuar a serviço da Ucrânia (de um total de quase 19 mil) deixariam a Crimeia com todo o seu equipamento.
Após um fim de semana dramático para as Forças Armadas da Ucrânia, que perdeu todos seus navios, armamentos e equipamentos na Crimeia, as 203 unidades ucranianas na península já hastearam a bandeira russa e quase 80% dos soldados ucranianos mudaram de lado, se colocando às ordens da Rússia, ou abandonaram o Exército.
A maior parte dos destacamentos, bases e navios de guerra que se mantiveram leais a Kiev foram invadidos e tomados pelas forças russas desde o último sábado, em meio à absoluta inoperância da cúpula militar e política do país, denunciada como negligente por muitos oficiais ucranianos.
Pelo menos cinco oficiais ucranianos, entre eles o comandante adjunto da Marinha da Ucrânia para a defesa do litoral, o general Igor Voronchenk, foram detidos pelas autoridades da Crimeia por oferecerem resistência aos russos.
Península em disputa
A Crimeia, que abriga a frota russa no mar Negro, foi parte da Rússia até 1954, quando o então dirigente soviético Nikita Kruschev passou seu controle à Ucrânia. Após a queda do ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, em fevereiro, as populações das regiões sul e leste do país foram às ruas para protestar contra o que consideraram um golpe de Estado. A Rússia, aliada de Yanukovich e com interesses na região, apoia esse movimento. A península da Crimeia, de maioria étnica e língua russas e atualmente com um regime de república autônoma da Ucrânia, está sob controle de forças pró-Moscou desde 28 de fevereiro.
Reprodução Cidade News Itaú
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