Após ter ficado seis horas e meia sendo torturada por uma jovem, a adolescente de 15 anos, moradora de Suzano (SP), diz que sua vida acabou depois da agressão. "Eu não
durmo, não como e nem saio para ir à escola. Ela [agressora] destruiu com a minha adolescência", declarou a vítima.
A agressão foi na última sexta-feira (21) em uma rua deserta perto da estação de trem, em Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo. A adolescente foi torturada por uma garota que foi ajudada por outros dois jovens. A vítima foi acusada de "talaricar" (paquerar alguém que é comprometido na gíria popular) o namorado dela. Os momentos de tortura foram registrados e divulgados no YouTube, mas as imagens foram retiradas nesta sexta-feira (28) horas depois da reportagem ser publicada pelo G1.
Durante a entrevista, a adolescente lembra as horas que ficou refém dos jovens. "Foi o pior dia da minha vida. Eles me ameaçavam e diziam que se eu contasse para alguém iam me matar". Além de ter sofrido agressões psicológicas, a vítima teve o cabelo cortado com uma tesoura e ainda levou vários socos no rosto. Ela diz que ficou sabendo do vídeo pela mãe quando estava na casa de uma amiga. "Minha mãe me ligou várias vezes e quando atendi me contou do vídeo. Foi só aí que falei da tortura. Quando vi o vídeo entrei em desespero. Não acreditava no que estava acontecendo. Ela [agressora] acabou com a minha imagem", declara.
A mãe da vítima, que preferiu não se identificar, em entrevista ao G1 nesta sexta (28) afirmou que só ficou sabendo das agressões sofridas pela filha depois que as imagens começaram a ser compartilhadas nas redes socias. "É torturante ver esse vídeo. Minha filha não teve chance de defesa. Ela ainda é ameaçada nas redes sociais por essa menina e as amigas. Quero que peguem essa covarde".
Um boletim de ocorrência foi feito na Delegacia da Mulher de Itaquera. A menina de 15 anos também passou por exame de corpo de delito. Por conta da repercursão na internet, a adolescente afirma já ter virado motivo de piadas. "Não vou para escola e tenho vergonha de sair de casa. Tem gente que é solídário, mas outras ficam me zuando".
O Conselho Tutelar de Suzano informou que recebeu na noite de quinta-feira (27) uma denúncia do caso vinda de uma mulher que teve acesso ao vídeo pelas redes sociais. Porém, como ainda não foi acionado pela família da vítima, aguarda o contato para poder dar o apoio psicológico para adolescente.
Agressão
Para atrair a vítima até o local da agressão, a jovem mandou mensagem dizendo que precisava da ajuda da adolescente para desmascarar o namorado, que mentia sobre o fato de estar solteiro. "Confiei nela e fui para gente conversar e desmascará-lo", conta a vítima.
A vítima saiu de casa por volta das 16h sem dizer para a mãe onde ia. Ao chegar na estação de trem de Guainazes, em São Paulo, ela foi surpreendida pela agressora "Só ela me batia. Os outros dois rapazes ficavam incentivando e filmavam. Eu já conhecia há algum tempo o namorado dela [agressora], mas quando ele voltou a namorar eu apaguei ele do Face. De uns dia para cá ele me procurou de novo, disse que eu estava bonita e que estava solteiro. Começamos a conversar."
Com ciúmes, a agressora teria visto as mensagens da vítima no celular do namorado e ficado enfurecida com a possível traição. "Eu não tinha noção do mostro que ela [agressora] era e nem que era tão covarde", diz. "Quando me prendeu ela só dizia que queria que eu falasse que eu não ia ficar com ele."
A vítima ainda diz que é ameçada pela agressora. "Depois que apanhei ela me obrigou a manter segredo. Se não fizesse isso disse que ia me matar. Até hoje, ela e as amigas ficam me mandando mensagem de ameças no celular e na internet. Falam que vão raspar todo o meu cabelo e me cortar."
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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