Segundo a OMS, 70% das mulheres
sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV em algum momento de suas vidas até os 50 anos.
Isso é fato. Também é fato que muitas mulheres nem vão perceber isso porque não terão sintoma algum. Em geral, o vírus é eliminado espontaneamente pelo organismo dentro de um ano sem o surgimento de sintomas.
Mas o vírus também pode infectar a mucosa cervical ou genital externa e, subsequentemente, causar lesões (as verrugas ou a tal "feridinha no útero"), que serão detectadas no exame de Papanicolaou e cauterizadas, sem maiores problemas.
Quando não tratadas, algumas dessas lesões podem evoluir para câncer. No Brasil, a maior incidência desse tipo de tumor e de mortalidade feminina pela doença se dá na região Norte, pela dificuldade de acesso da população aos meios de diagnóstico e tratamento precoces.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a vacina contra HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus.
Mas mesmo diante da falta de grandes estudos clínicos voltados para as mulheres adultas, já virou quase unanimidade entre os ginecologistas e infectologistas a necessidade de vaciná-las também contra o HPV.
Várias amigas na faixa dos 30 anos têm recebido indicação dos médicos e gastando até R$ 1.600 em clínicas particulares com a imunização.
Em conversa recente com Jarbas Barbosa, secretário do Ministério da Saúde, ele foi taxativo: "Não há indicação para que mulheres adultas sejam vacinadas contra o HPV. Não há evidência de que mulheres com vida sexual ativa tenham qualquer benefício com a imunização."
Já os ginecologistas e infectologistas defendem a vacinação. A infectologista Rosana Richtmann se apoia em estudos clínicos que avaliaram mulheres virgens e não virgens que atestam que mesmo que a mulher já tenha tido contato com algum daqueles quatro tipos da vacina, ela estará se protegendo contra os outros três.
Segundo ela, estimativas mostram que somente 0,2% das mulheres tiveram contato com todos os quatro vírus do HPV cobertos pela vacina.
"Sabemos é que nem mesmo o preservativo oferece 100% de segurança. Portanto, a vacina é uma ação complementar a todo o resto", escreveu ela.
Para Nilma Antas Neves, presidente da comissão de vacinas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a prescrição da vacina contra HPV para as mulheres que já iniciaram a atividade sexual deve ser feita, porque elas podem não estar infectadas pelo(s) tipos virais contidos na vacina.
"Muitas mulheres maduras podem se beneficiar, até mesmo após já terem tido infecção por HPV", afirma a médica.
Segundo ela, embora o objetivo maior da vacinação seja a prevenção do câncer de colo uterino, a vacina contra HPV também tem se mostrado eficaz na prevenção de outros tipos de câncer genital da mulher (vulva, vagina, ânus).
Não vai demorar muito para que a vacina também seja indicada para homens adultos. Para meninos, ela já é aprovada, embora não esteja disponível na rede pública.
Só o tempo vai dizer se a imunização terá um grande impacto em termos de redução de casos de câncer e de mortes (isso nenhum estudo ainda demonstrou) ou ficará na história da medicina como mais uma jogada de marketing da indústria farmacêutica e avalizada pelas sociedades médicas.
Reprodução Cidade News Itaú
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