O comando geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte solicitou nesta terça-feira (11) a nomeação de um delegado especial para investigar o assassinato do professor e lutador de MMA Luiz de
França Trindade, de 25 anos, morto a tiros nesta segunda-feira (10) na calçada da academia Alta Performance, no conjunto Cidade Satélite, zona Sul de Natal. Os disparos também atingiram o professor de artes marciais Ademir Júnior, conhecido como 'Júnior Sustagen', que foi baleado nas pernas e passa bem. O único suspeito do crime é o tenente da Polícia Militar Iranildo Félix, que nega a autoria dos disparos que mataram o professor.
De acordo com o comandante geral da PM, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, o ofício já foi enviado para a Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol). No documento, o comandante da PM justifica a solicitação devido ao possível envolvimento do oficial Iranildo Félix no crime. O assassinato do lutador de MMA está sendo investigado pelo delegado Sílvio Fernando, titular da 11ª Delegacia de Polícia Civil, no conjunto Cidade Satélite, zona Sul de Natal.
O coronel Araújo Silva acrescenta que o tenente Iranildo Félix está há mais de 300 dias afastado do serviço policial pela junta médica da Polícia Militar. O último boletim de inspeção de saúde do PM foi publicado em 9 de janeiro. O documento dá uma licença de 80 dias ao oficial a contar do dia 9 de dezembro. "O policial foi considerado temporariamente incapaz para o serviço ativo. Ele não pode portar arma de fogo no período em que está afastado", explica o comandante geral.
Mesmo afastado, o tenente responde diretamente ao Comando do Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE).
Investigação
O delegado Sílvio Fernando, titular da 11ª Delegacia de Polícia Civil, trabalha até o momento com duas linhas de investigação. Uma delas é que o crime pode ter sido motivado por uma traição. “Podemos estar diante de um crime passional. Temos informações de que o lutador teria se envolvido com a namorada do tenente. Ela ainda será ouvida”, afirmou.
A outra suspeita da Polícia Civil é que um desentendimento entre o PM e o lutador de MMA possa ter motivado o crime. A defesa do tenente Iranildo Félix confirma que os dois se desentenderam, mas alega que o caso não foi grave. "Houve um desentendimento, mas nada muito grave. Não houve discussão mais pesada, nem agressão física", explica a advogada Juliana Melo.
De acordo com a defesa, o policial fez uma aula experimental no fim de janeiro na academia Alta Performance, onde o lutador foi assassinado, porém não gostou do treinamento. A advogada diz que quando foi para o segundo treino o tenente decidiu não continuar e por já ter feito o pagamento adiantado da mensalidade, teve o dinheiro devolvido. "A mudança foi para uma academia da mesma rede. Se tivesse sido expulso, o oficial não poderia fazer isso", acrescenta.
Ainda segundo Juliana Melo, o tenente acredita que foi apontado como suspeito do crime devido ao desentendimento na academia e pelo fato de ser policial. "Os dois não tiveram mais nenhum tipo de contato após esse desentendimento. O oficial inclusive bloqueou a vítima nas redes sociais para não ter mais contato", afirma a advogada.
'Álibi fraco', diz delegado
O tenente Iranildo Félix prestou depoimento nesta segunda e foi liberado em seguida. O álibi apresentado pelo oficial não convenceu delegado Sílvio Fernando. No depoimento, o policial afirmou ter ido a uma outra academia por volta das 8h. No entanto, segundo o delegado, a biometria e as câmeras do local mostram que o oficial da PM chegou às 10h08, logo após o assassinato ter acontecido. "O crime ocorreu antes das 10h", afirma Sílvio Fernando. "Os percursos e os horários informados por ele não batem. O álibi é muito fraco", acrescentou o delegado.
Apesar de não ter sido convencido pelo depoimento, o delegado explica que ainda não tem elementos suficientes para indiciar o oficial da PM. Durante esta semana estão previstos os depoimentos das testemunhas que presenciaram o assassinato. Além de Luiz de França, o professor de artes marciais Ademir Júnior, conhecido como 'Júnior Sustagen', também foi atingido por um disparo. O tiro atingiu a perna do atleta, que passa bem.
Velório e enterro
O corpo de Luiz de França Sousa Trindade, de 25 anos, foi velado e enterrado em meio a muita comoção na noite desta segunda-feira no cemitério Morada da Paz, em Emáus, na Grande Natal (veja vídeo ao lado).
Familiares, amigos e colegas de academia não quiseram falar com a imprensa.
O lutador levantou seu último troféu de campeão no sábado. Foi durante a primeira etapa do Campeonato Norte-rio-grandense de Luta Olímpica, realizado no Colégio Objetivo Natal.
Luiz de França foi o campeão da categoria até 86 Kg e era o favorito a representar o Rio Grande do Norte no Campeonato Brasileiro de Luta Olímpica, que será realizado entre os dias 22 a 24 de maio, no Rio de Janeiro.
Ainda nesta segunda, pelas redes sociais, parceiros de treino de Luiz de França na Kimura Nova União ficaram chocados com o crime. Jussier Formiga e Ronny Markes, que fazem parte do UFC, lamentaram a morte do atleta.
O crime
Luiz de França Sousa Trindade foi assassinado a tiros na manhã desta segunda na calçada da academia Alta Performance, que fica na rua Serra da Jurema, no conjunto Cidade Satélite, zona Sul de Natal.
O lutador levou vários disparos de pistola e morreu no local. O professor de artes marciais Ademir Júnior, conhecido como 'Júnior Sustagen', também foi baleado na perna, mas passa bem.
Segundo testemunhas, o suspeito de efetuar os disparos fugiu numa moto acompanhado de outro homem.
Reprodução Cidade News Itaú
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