O presidente palestino, Mahmoud Abbas, propôs nesta terça-feira que Israel realize uma retirada gradual durante três anos da Cisjordânia ocupada, como parte de qualquer
acordo de paz futuro, uma oferta que ficou bem aquém das exigências israelenses.
Ele estabeleceu o cronograma em uma entrevista exibida durante uma conferência internacional sobre segurança em Tel-Aviv, onde o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, questionou a eficácia dos compromissos atuais do líder palestino no âmbito da segurança.
"Estou dizendo isso claramente: quem quer que proponha 10 ou 15 anos para um período de transição não quer se retirar", disse Abbas. "Nós dizemos que um período de transição não deve exceder três anos, durante os quais Israel pode se retirar gradualmente."
Em encontros passados com jornalistas, Abbas falou em termos gerais de uma retirada em etapas da Cisjordânia depois de um acordo de paz-por-terra, similar aos três anos da retirada israelense do Sinai após a assinatura de um tratado de paz com o Egito em 1979.
A exigência de Israel de uma permanente presença militar no vale do Jordão, a provável fronteira leste de um Estado palestino na Cisjordânia e Faixa de Gaza, tem sido um grande motivo de discórdia em conversações de paz mediadas pelos Estados Unidos, iniciadas em julho e agora estagnadas, com as duas partes muito distantes uma da outra.
Autoridades israelenses dizem que a presença militar no vale do Jordão é vital para a segurança do país e expressam a preocupação de que a Cisjordânia possa se tornar uma plataforma de ataques de militantes palestinos se as tropas israelenses se retirarem completamente. Algumas delas defendem uma presença militar de Israel por 40 anos.
Parecendo tentar responder a isso, Abbas disse que os palestinos estavam dispostos a aceitar que uma terceira parte, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) "assuma o lugar de Israel depois da retirada... para garantir a ambos os lados que as coisas continuarão normais".
Potências estrangeiras vêm ajudando a organizar as forças de segurança palestinas na Cisjordânia e afastar qualquer ameaça do grupo islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Na conferência, Yaalon demonstrou desdém em relação a compromissos por parte da Autoridade Palestina -- que administra de modo limitado a Cisjordânia, como resultado de acordos interinos de paz -- de tomar medidas contra militantes palestinos.
"Nós contamos 1.040 casos que ficaram a cargo das forças de segurança palestinas em 2013. Quantos deles foram a julgamento? Zero", afirmou Yaalon na conferência organizada por uma instituição da Universidade de Tel-Aviv.
No mesmo período, disse Yaalon, Israel deteve cerca de 3.000 palestinos, e boa parte deles foi depois conduzida à prisão.
Yaalon é um dos aliados do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que rejeita as reivindicações dos palestinos de remoção dos assentamentos judaicos da Cisjordânia.
Quando lhe perguntaram o que o seu governo estava fazendo para manter a Cisjordânia calma, Abbas disse: "Todas as forças de segurança estão dedicadas a cumprir sua obrigação para impedir o contrabando de armas e o seu uso dentro da Autoridade Palestina ou (contra) Israel".
Reprodução Cidade News Itaú
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