Quase 60 anos depois que o norte-rio-grandense natural de Extremoz João Fernandes Campos Café Filho, ou Café Filho, como ficou conhecido, assumir a Presidência da República entre 24 de agosto de 1954 e 8 de novembro de 1955, outro potiguar assumirá o cargo mais importante da República Federativa do Brasil.
O deputado federal potiguar, Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados e segundo na linha de sucessão presidencial, assumirá a cadeira de presidente da República neste sábado, com a viagem da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), à Europa, para participar do encerramento do Ano do Brasil em Portugal.
A’O Jornal de Hoje, esta manhã, Henrique afirmou ser “muito emocionante” assumir o cargo pela primeira vez. “É muito emocionante. De repente a vida dá um salto assim. Presidente da Câmara já foi um sonho que realizo. E essas oportunidades em razão dessas viagens dão ainda um maior sentido da responsabilidade e da correção da minha vida pública o tempo todo”, afirmou.
“Assumir a Presidência é uma oportunidade que o destino coloca em minha vida”, acrescentou o parlamentar, destacando que será algo simples, que ocorre apenas em razão da viagem da presidente e do vice, Michel Temer, que também estará fora do País. “Eu vou cumprir apenas e discretamente essa função”, explicou ao chegar à sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) nesta sexta-feira, para participar de um encontro com comerciantes da capital.
Para assumir a Presidência da República, Henrique cancelou uma viagem agendada há bastante tempo para a Rússia. O cancelamento ocorreu para evitar que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, um crítico do Palácio do Planalto e do Congresso, assumisse o cargo, já que, além de Dilma e Michel, também estaria fora do país o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Ou seja, se Henrique não assumisse, quem assumiria seria Barbosa.
A última vez que o presidente do Supremo assumiu a Presidência da República foi em 2002, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente e o ministro Marco Aurélio Mello comandava o Judiciário.
Por isso que esta semana política em Brasília começou com a possibilidade de o presidente do Supremo assumir a Presidência da República nos dias 10 e 11, diante da agenda programada de viagens ao exterior da presidente Dilma Rousseff e de seus três sucessores imediatos. Mas essa possibilidade foi abortada pela decisão do presidente da Câmara, de desistir da sua viagem. Henrique vai assumir neste sábado e permanecer na Presidência da República até a próxima terça-feira. Portanto, estará de “plantão” no final de semana, e governará o País durante dois dias, na segunda e na terça-feira.
A presidente Dilma, neste período, vai estar em Portugal, para participar do encerramento do Ano do Brasil em Portugal. Dilma embarcará para Portugal justamente amanhã, antes de passar o cargo para Henrique. O vice-presidente Michel Temer já está na Europa desde terá-feira passada, para um roteiro que inclui Hungria, Inglaterra e França. Temer ficará fora de Brasília até dia 12 de junho. O terceiro na linha sucessória é o presidente do Senado, Renan Calheiros, que também estará em Portugal entre 5 e 11 de junho. O Ano do Brasil em Portugal visa a promover a integração cultural entre os dois países.
PMDB permanece com Rosalba até 2014, quando decidirá sobre sucessão estadual
O presidente do PMDB no RN, deputado federal Henrique Eduardo Alves, disse hoje que só vai se posicionar para a sucessão da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) “no próximo ano”. A declaração de Henrique revela que os peemedebistas ficarão na base do governo Rosalba até o ano que vem, frustrando a expectativa de setores da oposição, que ansiavam por um rompimento do PMDB com o governo, para a formação de um palanque oposicionista com os peemedebistas.
A permanência do PMDB no governo também termina comprometendo o partido com a gestão Rosalba Ciarlini. Para analistas, com isso, fica cada vez mais difícil o partido ter condições de romper e apresentar um projeto alternativo a Rosalba – já que apoiará o governo praticamente até o fim do mandato. O mais provável é que a legenda respalde a reeleição de Rosalba, ou então, receba ou oriente o apoio da governadora.
A declaração do líder peemedebista foi dada hoje, momentos antes de ele participar de um encontro com comerciantes na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio), e converge para declarações recentes da governadora Rosalba, que disse que só irá tratar sobre sucessão após a Copa do Mundo de 2014, em junho do ano que vem.
Henrique Alves também afirmou que seu “único” projeto, para 2014, é se candidatar à reeleição para a Câmara dos Deputados, onde, provavelmente, articulará uma nova eleição para presidir a Casa. Esta declaração coincide com outra declaração do peemedebista ao Jornal de Hoje, segundo a qual ele não é nem será candidato a governador no pleito eleitoral do ano que vem.
REAÇÃO
A declaração de Henrique gerou reações hoje entre peemedebistas. Pelos menos dois deputados da legenda disseram respeitar a posição do presidente estadual do PMDB e da Câmara dos Deputados, mas foram contra o prazo estipulado, defendendo a antecipação da decisão para este ano. Tanto Hermano Morais (PMDB) como Gustavo Fernandes (PMDB) disseram achar que o prazo para a definição do PMDB deverá ser revisto por pressão das bases, que desejam antecipar a discussão.
“Nós temos que respeitar a opinião de Henrique, de, como presidente do partido, dizer que vai discutir no próximo ano. Só que possa ser que Henrique, até o final do ano, receba pedidos de antecipação das bases do partido, para que ele antecipe essa decisão. Acho que o partido, que os próprios peemedebistas, vão a Henrique para que esta decisão seja antes do próximo ano”, disse Fernandes.
Para Hermano, defensor da candidatura própria da legenda ao governo do Estado, o prazo também deve ser antecipado. “Respeito a opinião do deputado Henrique como líder do PMDB, mas tenho certeza que ele vai abrir discussão interna do partido, para ouvir o sentimento de todos correligionários, militantes e simpatizantes”, afirmou.
Hermano Morais defendeu a parceria administrativa do PMDB com o governo Rosalba Ciarlini, mas, na sua visão, isso não impede a abertura dos diálogos internos no PMDB sobre a sucessão do ano que vem. “Sou de opinião de que o PMDB deve ajudar sempre o RN, como tem feito atualmente. No momento atual estamos numa situação de muita necessidade no estado, e temos uma grande representatividade nacional e Henrique tem sido um grande catalisador de investimentos para o RN. Então esse compromisso deve permanecer. Mas, com relação à questão política, temos que estabelecer um debate interno no partido, e tenho certeza que o deputado Henrique, mesmo assoberbado de tantos compromissos, oportunamente – espero que não demore – abrirá a discussão para ouvir o partido numa discussão interna sobre os rumos de 2014″, afirmou.
Ainda segundo Hermano, Henrique é um democrata, político experiente que irá estabelecer o debate para que próximo ano de modo que o PMDB tenha projeto definido para as eleições de 2014, uma vez que envolve a renovação da Assembleia Legislativa, para a Câmara dos Deputados, uma vaga no Senado, o governo do Estado, e até a reeleição da presidente Dilma, “com a qual temos compromisso, inclusive participando do processo de mudança no Brasil, já que o PMDB participa do governo federal”.
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