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quarta-feira, dezembro 18, 2013

Kombi não poderá mais ser fabricada em 2014, decide Contran

Segundo a Volkswagen, o encontro é um dos 15 “desejos” da Kombi, impressos numa campanha publicitária que funciona como um “testamento” do utilitário antes de sua despedida. (Foto: Flavio Moraes/G1)O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) se reuniu nesta quarta-feira (18) e decidiu que a Kombi não será uma exceção à regra de que
todos os veículos fabricados no país, a partir de 2014, deverão ter airbags e freios ABS, informou o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.
Com isso, a fabricação do veículo será encerrada neste ano, visto que, segundo a montadora, seria inviável a Kombi receber os equipamentos de segurança.
"Não tem exceção. Seria um retrocesso a revogação da resolução [que estabelece os equipamentos de segurança a partir de 2014]. Há uma preocupação em elevar o padrão de segurança dos carros brasileiros. Estamos focados na vida e na segurança das pessoas", declarou o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.

"Foi a avaliação que o Contran fez. Poderia dizer de forma muito clara que a solução para a manutenção do emprego, você tem diversas alternativas. Mas a solução para a vida das pessoas não pode prescindir destes equipamentos que comprovadamente reduzem a quantidade de vitimas nos acidentes de trânsito."
A 'novela' Kombi
Procurada pelo G1, a Volkswagen diz que ainda não foi informada oficialmente de que não haverá exceção para a Kombi e que, caso houvesse alguma alteração na legislação, ainda avaliaria a possibilidade de continuidade de produção.
A aposentadoria da Kombi foi anunciada pela Volkswagem em outubro passado e as últimas unidades estão previstas para saírem da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) na próxima sexta (20).

Volkswagen Kombi Last Edition (Foto: Divulgação)Last Edition: colecionadores chegaram a cogitar
devolvê-la se Kombi seguisse (Foto: Divulgação)
A possibilidade de ser aberta uma exceção à regra foi levantada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na última terça-feira (17).
"(Na linha da Kombi) é onde poderá haver mais demissões. Mas poderemos criar excepcionalidade para a Kombi. Ela não é caminhonete, não é automóvel. É a Kombi. É um produto diferente e não tem similar", disse Mantega na terça. "Nenhuma das empresas têm objeção que se dê uma exceção à Kombi para que possa sobreviver mais um ou dois anos. É algo que ainda vai ser analisado."
O governo chegou a estudar exigir os itens de segurança em apenas em 80% dos carros novos do país, e não 100%, no ano que vem, para reduzir impacto no preços e na perda de emprego de linhas que poderão ser extintas. Além da Kombi, Fiat Mille e Volkswagen Gol G4 (geração anterior) estão nesta situação; mas o substituto do Gol antigo, o Up, já está sendo produzido.
Para a despedida da Kombi, a Volkswagen lançou a série especial Last Edition, limitada a 1.200 unidades, que custa R$ 85 mil -a versão tradicional custa cerca de R$ 47 mil.
Nos últimos dias, enquanto o governo cogitou abrir exceções, donos da Last Edition declaram que pensavam em devolver a série caso a Kombi não fosse aposentada.
Demissões
Cálculos preliminares do setor automotivo indicam que poderia haver cerca de 4 mil demissões somente por conta do fechamento da linha de produção da Kombi, mas o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC falou, segundo dados citados pelo ministro Guido Mantega, que seriam de 10 a 20 mil tralhadores demitidos ao todo.

Kombi linha de montagem (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)Linha de montagem da Kombi no ABC Paulista
(Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, confirmou na última terça que houve um apelo do ministro da Fazenda para que as empresas realoquem seus empregados das linhas que serão fechadas. Ele não se comprometeu, entretanto, com a manutenção do emprego no setor.
"Não aceitamos demissões e não acreditamos ser possível a absorção de trabalhadores em outras funções ou em outras fábricas", declarou Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nesta terça-feira. A entidade defendia que a obrigatoriedade de airbag e ABS em todos veículos fosse postergada para 2016.
Segundo Aguinaldo Ribeiro, o ministro Mantega está preocupado "com toda razão" em manter qualquer emprego no país, mas acrescentou que o país vive um "bom momento" da empregabilidade, com baixos índices de desemprego. "O próprio governo e o próprio ministro Guido [Mantega] construiu alternativas que deram suporte ao emprego no país", afirmou ele.
Ribeiro disse ainda que nunca houve nenhuma movimentação do setor produtivo (Anfavea) citando as demissões por conta da obrigatoriedade dos equipamentos de segurança. "Com tanto modelo que está sendo lançado, dá para absorver [os demitidos das linhas que serão fechadas]", avaliou o ministro das Cidades.
Redução de mortes
O ministro das Cidades afirmou que, em países que já adotam airbags e freios ABS, houve uma redução de cerca de 30 mil mortes por ano nos acidentes de trânsito.
"Seria um retrocesso do ponto de vista da segurança das pessoas e de tudo o que está sendo feito pelo governo para reduzir as vítimas de acidentes de trânsico", afirmou ele.
Aguinaldo Ribeiro declarou também que, pelo preço que as montadoras cobram pelos carros no país, tem de haver uma contrapartida  de oferecer pelo menos este padrão de segurança aos consumidores. "Chegamos à conclusão que vida não tem preço", declarou o ministro.

Reprodução Cidade News Itaú

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