Geraldo Antonio Baptista, ou Ras Geraldinho como é conhecido pelos seguidores de igreja rastafári criada em Americana (SP), não pode dar entrevista ou declaração pública por temor que ele faça "apologia ao crime". A decisão é da penitenciária da cidade de Iperó (126 km de São Paulo), onde está preso.
Ras Geraldinho, 53, ganhou notoriedade nacional ao fundar uma seita que defende a maconha como "erva sagrada". Ele foi condenado em maio último por tráfico de drogas a uma pena de mais de 14 anos de prisão.
Segundo a família, o líder rastafári recebe muitas cartas de solidariedade do Brasil e do mundo, principalmente de grupos defensores da descriminalização da maconha. Também foram organizadas marchas e vigílias pedindo sua libertação.
A UOL solicitou formalmente uma entrevista com Ras Geraldinho junto à Justiça e à Secretaria da Administração Penitenciária. A entrevista foi autorizada pela juíza Adriana Tayano Fanton Furukawa, da Vara de Execuções Criminais de Sorocaba (99 km de São Paulo).
Por seu lado, o detento também concordou formalmente em dar declarações para o jornalismo do UOL. Mas a direção da penitenciária e a secretaria decidiram barrar que o líder religioso condenado faça declarações públicas.
"A direção da penitenciária de Iperó negou autorização, e o gabinete do senhor secretário acatou a decisão do diretor, tendo em vista que o conteúdo da entrevista trará prejuízos à segurança da unidade", foi a primeira resposta da assessoria de imprensa da secretaria estadual.
Já na comunicação oficial, o responsável pela prisão em Iperó vetou qualquer entrevista "por considerar o tema como apologia ao crime".
A reportagem do UOL questionou a Secretaria da Administração Penitenciária como se poderia falar em "apologia ao crime" se a entrevista não tinha sido feita e se o condenado preconiza a droga como elemento em um culto religioso e não como comércio. A resposta da assessoria da SAP foi "coloque na sua matéria que, questionada, a Secretaria não se manifestou."
Ras Geraldinho é o líder da "Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil". Anteriormente, ele já tinha sido detido duas vezes na sede da seita por agentes que encontraram mudas e plantação de cannabis em seu sítio no subúrbio de Americana (127 km de São Paulo).
Reprodução Cidade News Itaú
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