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sábado, outubro 19, 2013

Lusa recebe R$ 500 mil e jogo com Flamengo “cai no colo” da Arena Castelão

A Portuguesa vai receber R$ 500 mil, além de ter bancados os gastos de viagem, para enfrentar o Flamengo em Fortaleza, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, no dia 27 de outubro.

O clube lusitano repete a estratégia adotada contra o Corinthians, em jogo da 24a rodada, disputado no estádio Morenão, em Campo Grande. Naquela ocasião, a Lusa vendeu seu mando por R$ 750 mil. E ganhou o jogo por 4 a 0.

Havia outras cidades na disputa para receber o confronto contra o Flamengo: Belém, São Luís e mesmo Campo Grande. O problema é que, com o início do horário de verão nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o jogo no Mato Grosso do Sul teria de ser disputado com o Sol das 2 da tarde locais (já que há um fuso horário de uma hora a menos em relação a Brasília). Alteração de horário não seria viável, pois é o jogo que a TV Globo vai mostrar ao vivo para todo o país. Com o “veto” a Campo Grande, então acabou sendo escolhida Fortaleza, onde não há horário de verão e a partida começará às 15h locais, 16h de Brasília.

Curiosamente, a administradora da Arena Castelão só foi contactada pelo grupo de empresários que faz o negócio nesta sexta-feira, já depois de a CBF ter publicado em seu site o local do jogo. “Caiu no colo da gente, foi uma grata surpresa”, contou a este blog Alexandre Frota, diretor da Galvão G7, a empresa que faz a gestão da Arena Castelão.

Além dos R$ 500 mil e os gastos de viagem da Portuguesa, os empresários pagarão entre R$ 100 e 150 mil para a Arena Castelão. E terão um gasto com a organização do evento que vai girar entre R$ 80 e 250 mil, dependendo do público total. Se o estádio estiver lotado, com 50 mil pessoas, o investimento seria de aproximadamente R$ 900 mil. Os empresários terão lucro se a renda for maior do que isso.

“Eu acho que eles terão prejuízo, porque aqui em Fortaleza não podem ser cobrados os preços de São Paulo e Rio, o estádio fica vazio. Acho que dependerá muito do jogo do Flamengo com o Botafogo pela Copa do Brasil. Se o Flamengo ganhar, a torcida empolga e poderemos ter umas 35 mil pessoas contra a Portuguesa. Senão, acho que eles acabarão com o prejuízo”, analisou Frota. “Mas para a Arena foi bom. Não estávamos brigando por esse jogo, é um valor limpo que cai no nosso colo.”

No jogo de Campo Grande, entre Lusa e Corinthians, este mesmo grupo de empresários pagou R$ 750 mil à Portuguesa e o jogo teve uma renda de R$ 830425 (o público foi baixo, de 12316 pessoas). No entanto, ficava para os investidores também o ganho com venda de produtos e serviços no estádio. Coisa que não acontecerá no Castelão, já que os serviços de alimentação e estacionamento já são terceirizados e ficam fora da negociação. O lucro para os investidores só poderá vir mesmo da bilheteria.

Com pouco menos de 4 mil pessoas por jogo, a Portuguesa tem a pior média entre os mandantes do Brasileirão e vem arrecadando pouco. A diretoria adota, assim, uma estratégia de jogar diante de sua torcida os outros 17 jogos e fazer caixa nos dois duelos contra os clubes mais populares do Brasil. Além disso, o prejuízo esportivo não é tão grande assim. Em um jogo contra o Corinthians, a torcida lusa seria minoria absoluta no Canindé. Contra o Flamengo, o estádio costuma ficar dividido.

O Castelão deverá estar cheio, pois o Flamengo é muito popular em Fortaleza. Mas o campo de jogo é desconhecido para os dois clubes, é muito mais uma característica de campo neutro do que propriamente uma casa flamenguista.

Na semana em que enfrentou o Corinthians, com calor e gramado ruim em Campo Grande, a Portuguesa havia tido dias livres para treinar e chegou antes à cidade sul-matogrossense, enquanto o Corinthians havia atuado contra o Grêmio pela Copa do Brasil no meio de semana.

Desta vez, a história se repete. Depois de enfrentar o Vitória, domingo, no Canindé, a Portuguesa terá toda a semana livre para recuperação de jogadores e treinos. Pode até chegar antes a Fortaleza e se adaptar ao clima local. Já o Flamengo viaja a Belo Horizonte para enfrentar o Atlético-MG, domingo, depois enfrenta na quarta o Botafogo, em partida decisiva na Copa do Brasil e, então, terá de tocar viagem para jogar em Fortaleza, com calor e alta umidade.

O dinheiro arrecadado com a venda do mando de jogo deverá ser utilizado para pagar jogadores e comissão técnica. O clube não está em dia com suas obrigações e, no último jogo realizado no Canindé, contra o Goiás, a torcida da Portuguesa presente ao estádio entoou cânticos cobrando da diretoria o pagamento de salários aos atletas.

Até agora, em 13 jogos no Canindé, a Portuguesa arrecadou um total de R$ 1096570, só que 44% desse valor veio em duas partidas, os clássicos contra São Paulo e Santos. A média de renda por jogo, contando os clássicos, é de R$ 84351 por partida. Se tirarmos os clássicos da conta, em 11 jogos no Canindé a Portuguesa teve uma arrecadação média de R$ 55458. Portanto, jogar contra o Flamengo em Fortaleza significa multiplicar os ganhos médios de um jogo quase por 10.

Mantidas as médias até o final do campeonato, a matemática é simples. Nesses dois mandos “vendidos” para enfrentar Corinthians e Flamengo, a Portuguesa fará aproximadamente a mesma quantidade de dinheiro dos outros 17 jogos do Canindé somados. É duplicar a renda. É muita coisa.

Opinião do blog: Como torcedor da Portuguesa, daqueles que vão em estádio, eu me sentiria revoltado se as vendas de mandos fossem frequentes. Não é o caso. A Portuguesa optou por fazer isso em apenas dois jogos, os duelos com maior apelo comercial e que compensam financeiramente a sangria do Canindé vazio na maior parte do campeonato. A torcida da Portuguesa é frequente, sim. Mas ela é pequena. 17 jogos em casa não são poucos, não dá para reclamar destas duas exceções. Já que o clube é quem menos recebe dinheiro da televisão, há de se encontrar outras maneiras de arrecadar. Esportivamente, creio que o time se beneficia por ter semana livre e levar dois times cansados para mais longe ainda e para o calor. Discordo de praticamente todas as decisões pontuais e estratégicas da diretoria que comanda a Portuguesa. Neste caso, no entanto, a decisão tem o meu apoio. DESDE QUE O DINHEIRO SEJA USADO PARA PAGAR COMISSÃO TÉCNICA, JOGADORES E DEMAIS FUNCIONÁRIOS.

Reprodução Cidade News Itaú

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