O promotor de Justiça do Consumidor Roberto Senise Lisboa disse na tarde desta segunda-feira (14) que entrou com um pedido na Justiça de multa de R$ 30 mil para as torcidas organizadas Gaviões da Fiel (do Corinthians) e Independente (do São Paulo), além de afastamento delas por 120 dias dos estádios. A ação foi motivada por brigas dentro do estádio do Morumbi e pelo confronto de torcedores na Marginal Tietê neste domingo (13), após a partida entre os times.
O pedido de multa e afastamento é baseado no descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelas torcidas em 2012. Além disso, o promotor pediu a dissolução da Gaviões e da Independente. É a terceira ação com o mesmo pedido movida por ele contra a Gaviões da Fiel e a primeira vez que Lisboa solicita à Justiça a dissolução da torcida organizada do São Paulo.
Vinte e um torcedores do São Paulo foram detidos na Marginal Tietê, na Zona Norte de São Paulo, após o confronto com torcedores do Corinthians. Eles pertencem à torcida organizada Independente, de Campinas, no interior do estado, e estavam em um ônibus que foi depredado durante a confusão. Um policial militar e dois torcedores do São Paulo ficaram feridos durante a briga.
Senise lamentou não ter condições de aplicar sanções mais severas às torcidas organizadas que se envolvem em brigas e quebradeiras. “O Ministério Público precisa de um maior aparato legislativo para poder atuar. O que a gente pode fazer a gente faz dentro do nosso limite”, afirmou. Os pedidos anteriores de dissolução da Gaviões da Fiel, bem como as multas aplicadas, segue sendo analisados pela Justiça.
O advogado da Gaviões da Fiel, Ricardo Cabral, disse que não foi informado sobre a decisão do Ministério Público, afirmou que não teve conhecimento de envolvimento da Gaviões em qualquer incidente recente e criticou o promotor Lisboa. "O doutor Roberto está tentando se engrandecer. O trabalho dele devia ser dentro do gabinete dele", afirmou. O advogado disse ainda que estuda uma forma de anular o TAC de 2012, que tem dado motivo para responsabilizar a torcida cada vez que um único torcedor se envolve em briga.
Torcidas organizadas
Durante entrevista na sede do Ministério Público, no Centro de São Paulo, o promotor disse que há uma "repetição destes fatos lamentáveis envolvendo torcedores de futebol". "Infelizmente os próprios antecedentes históricos já demonstraram que a torcida pode até ficar banida com aquela roupagem, mas meses depois acaba assumindo outra", afirmou
Segundo o promotor, os clubes também estão sendo pressionados a colaborar neste trabalho de tentar frear ações violentas por parte destas torcidas dentro e fora dos estádios. “Neste caso (da violência) estamos tendo alguma dificuldade. Já relatamos aos clubes que essa dificuldade se não for transpassada até o mês de novembro obrigará a instituição a promover ações judiciais contra os clubes também”, disse. O promotor, no entanto, preferiu não adiantar quais seriam as ações das quais os clubes seriam alvo.
Para o promotor, um maior investimento em tecnologia para o monitoramento das torcidas seria fundamental para coibir a violência. A biometria facial é uma das medidas que estão sendo estudadas pelos dirigentes da Federação Paulista de Futebol e dos clubes no momento, por exemplo. “Se não investirmos em tecnologia, não teremos a segurança desejada. Com monitoramento sério, adequado, com expertise no manuseio destes equipamentos, teremos uma facilidade muito grande para identificar o torcedor. A legislação já fala da tecnologia aliada aos assentos individualizados”, declarou.
Confronto
A polícia diz que a briga deste domingo foi combinada pelas redes sociais. De acordo com a Polícia Militar, que escoltava os ônibus, torcedores do São Paulo desceram de um veículo e se esconderam nas laterais da Marginal Tietê à espera dos corintianos. Próximo ao acesso à Rodovia dos Bandeirantes, os corintianos desceram de quatro ônibus. Na tentativa de dispersar os torcedores, policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Os torcedores estavam armados com barras de ferro, pedras, rojões, chaves de fenda, de roda e estrela, segundo boletim de ocorrência registrado no 91º Distrito Policial, no Ceasa. Uma moradora de Valinhos (SP) que retornava de São Paulo (SP) disse ter passado por momentos de pânico durante a briga entre os torcedores.
Segundo o boletim, centenas de torcedores dos dois times participaram do confronto e 21 deles foram levados até a delegacia, mas já tinham sido liberados no início da manhã desta segunda. A maior parte deles conseguiu fugir sem ser identificado.
Os suspeitos devem responder por promover tumulto, rixa, lesão corporal, formação de quadrilha ou bando, porte de armas e dano a patrimônio. No boletim de ocorrência, existe a menção a um torcedor da Gaviões da Fiel que, ainda na quadra da torcida, desistiu de ir ao estádio do Morumbi, na Zona Sul, por ter ouvido de colegas que haveria confronto com a torcida tricolor. A Polícia orientou um líder da Gaviões a pedir aos corintianos que mantivessem a tranquilidade durante a partida. O jogo pelo Campeonato Brasileiro terminou empatado em 0 a 0.
Reprodução Cidade News Itaú
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