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terça-feira, agosto 13, 2013

Sem novo avião, FAB 'canibaliza' 6 caças para manter voos em 2013

Mirage 2000 FAB (Foto: Sgt Johnson/Agência Força Aérea)A falta de recursos e a indefinição do governo federal sobre o novo caça brasileiro obrigaram a Aeronáutica a parar de operar e a “canibalizar” (termo que os militares usam para a retirada de partes de uma aeronave) seis dos 12 Mirage 2000-C que possui, os mais potentes e velozes do Brasil, para manter em operação em 2013 a outra metade da frota.

Os Mirage, comprados em uma estratégia “tampão” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva já usados da França, em 2005, serão aposentados oficialmente em 31 de dezembro, dois anos após o previsto, anunciou o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, em audiência no Senado nesta terça-feira (13).

Os aviões estão sucateados e sem armamento, pois os mísseis "já estão vencidos ou vencerão até o fim do ano", disse Saito.
A decisão preliminar da FAB é de substituir provisoriamente os Mirage, que ficam na base aérea de Anápolis (GO), por outras 6 unidades F-5, que possuem velocidade e alcance inferior e menor potencial de reação em caso de interceptação de invasores.
"Os Mirage foram comprados em 2005 para voar, cada aeronave, mil horas de voo. Esta meta foi atingida em 2011 e fizemos um esforço muito grande para mantê-los voando até 2013. É uma plataforma até que não temos mais armas. Elas estão vencidas ou vão vencer agora no fim do ano", disse o brigadeiro Saito no Senado.

"Não precisamos de um avião para fazer sobrevoo em desfile. Precisamos de avião para defesa", acrescentou o oficial. Foi um Mirage que, em um rasante, destruiu os vidros da fachada do Supremo Tribunal Federal (STF) em julho.
Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que ao menos quatro fatores que ficam prejudicados pela indefinição: 1) a proteção dos recursos naturais, principalmente da Amazônia e do pré-sal; 2) a busca por projeção internacional e por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU; 3) dissuasão de tentativas de invasão ao território brasileiro e de contrabando e tráfico e armas com aeronaves; e 4) desprestígio internacional e fragilidade de defesa para a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, de 2016. (leia mais abaixo)

“Com o término de operações do Mirage, haverá uma redução na capacidade de proteção do país. O Mirage é bissônico (voa duas vezes a velocidade do som, que é de 1.200 km/h), enxerga e intercepta um alvo a uma distância muito maior que os F-5”, afirma o brigadeiro da reserva Teomar Quírico, que tem mais de 2 mil horas de voo e comandou esquadrões de caça da FAB.

A estratégia de deslocamento dos F-5, considerada como um novo “tapa buraco”, preocupa os pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea, que pilotam os Mirage em Anápolis e que são responsáveis por proteger o Planalto. Eles temem até o fechando da unidade, colocando em risco o espaço aéreo brasileiro - a FAB tem a missão de defender 22 milhões de km² – área superior à da América Latina.

Oficiais afirmam ainda que os Mirage não poderão nem ser revendidos ou aproveitados. “Devem virar peça de museu ou serem expostos em uma praça”, brinca um piloto. Além disso, os próprios F-5 já passaram por um processo de modernização e deverão começar a deixar de operar a partir de 2017.

“Infelizmente, esta é mais decisão tampão e lenga lenga continua”, acrescenta o brigadeiro Quírico, que é instrutor de combate aéreo e participou da criação do primeiro projeto para substituir o caça brasileiro, em 1998, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso.  “Estava tudo pronto para o FHC assinar o projeto FX em 2001, quando foi adiado, passado para o Lula, e a história se prolonga até hoje”, explica.

Arte diferenças entre caças da FAB Mirage x F-5 (Foto: Arte G1)

Reprodução Cidade News Itaú

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