O governo britânico defendeu nesta terça-feira (20) a detenção do brasileiro David Miranda, namorado do jornalista americano Glenn Greenwald, com base na lei antiterrorismo.
Em declaração à imprensa, um porta-voz do Ministério do Interior sugeriu que Miranda carregava "informações roubadas" que poderiam ser úteis a terroristas.
O brasileiro foi detido por ao menos nove horas no domingo, no aeroporto de Heathrow. Greenwald é o autor de reportagens que revelaram a existência do sistema de espionagem Prism, do governo americano, com base em vazamentos do ex-técnico da CIA Edward Snowden.
"O governo e a polícia têm o dever de proteger as pessoas e nossa segurança nacional", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior britânico.
"Se a polícia acredita que um indivíduo está em posse de informações roubadas que sejam altamente sensíveis e possam ajudar o terrorismo, ela deve agir, e a lei garante os poderes para isso. Quem se opõe a esse tipo de ação deve pensar no que está condenando".
Antes de passar pelo Reino Unido, Miranda visitou na Alemanha a documentarista Laura Poitras, que ajuda Greenwald a divulgar o material vazado por Snowden. O brasileiro diz que a polícia britânica confiscou seus equipamentos eletrônicos, incluindo um laptop e pen drives.
De acordo com a rede BBC, advogados do "Guardian" estão ajudando o brasileiro em uma ação para pedir à Justiça britânica que impeça o governo de examinar o material apreendido com ele.
INVESTIGAÇÃO
Na segunda-feira, o ouvidor responsável por fiscalizar a aplicação da lei antiterrorismo, David Anderson, afirmou à Folha que o instrumento só pode ser usado caso a polícia considere que o cidadão detido pode ser um terrorista. Ele abriu uma investigação independente sobre o caso e deve enviar suas futuras conclusões ao Parlamento.
O "Guardian" afirmou, em editorial publicado nesta terça-feira, que a detenção do brasileiro trai a confiança dos britânicos na lei antiterrorismo. O jornal "Financial Times" afirmou que a ação da polícia foi "profundamente equivocada" e caracteriza uma tentativa de intimidar Greenwald.
Reprodução Cidade News Itaú
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