O pequeno Phetterson Bruno Cunha Ferreira, de 5 anos, já não sabe mais o que é correr na rua ou frequentar a escola, desde maio deste ano. O motivo, segundo a mãe do garoto, é único. Phetterson é portador de rinite alérgica, asma moderada e tem uma doença pouco comum, a dermatite atópica severa. O menino, que reside com a família em Vilhena (RO), já chegou a ficar cinco dias sem tomar banho, por conta da inflamação crônica na pele, e só pode comer leite de soja puro, arroz e feijão.
De acordo com a mãe de Phetterson, Vilma Cunha Barbosa, de 26 anos, as crises alérgicas foram tão intensas de um ano para cá, que a pele do filho chegou a sangrar várias vezes. “A dermatite atópica causa umas bolhas que coçam, aí ele coloca a unha”, explica. Ao G1, a jovem disse que as bolhas apareciam desde bebê, mas ela não sabia o que eram. “Levei a vários médicos e cada um dizia uma coisa. Fiz vários chás que as pessoas recomendavam, mas nada adiantava”, lembra a mãe.
Vendo o sofrimento constante do filho, Vilma decidiu sair de Rondônia para buscar tratamento. Em maio, ela e o menino desembarcaram em Uberaba (MG). No estado mineiro, Vilma levou Phetterson a um especialista em alergia e foi lá que a surpresa veio; o filho foi diagnosticado com três doenças alérgicas: dermatite atópica severa, asma moderada e rinite alérgica.
Ao mesmo tempo em que ficou feliz por saber a origem das inflamações na pele do filho, um dilema deu início na vida da família: o tratamento. Sem condições de custear o tratamento a mãe de Phetterson precisou acionar a Defensoria Pública para conseguir ajuda da Prefeitura de Vilhena, visto que cada dose da vacina indicada pelo médico custa, em média, R$ 500. “Quando retornei de viagem, eles me disseram que não poderiam dar os remédios, porque recorri a uma clínica particular. Entrei com recurso e ganhei. Na viagem, gastei R$ 3 mil. Voltei para casa sem nada no bolso”, conta.
Uma vida de restrições
Com o diagnóstico da doença, a família teve que se adequar a uma nova alimentação e um novo jeito de levar a vida. De acordo com Vilma, a criança não pode comer produtos embutidos, como salsicha e salame. “Ele também não pode consumir comida industrializada, pimentas fortes, condimentos, corantes, aromatizantes, refrigerantes, leite de vaca e derivados, alimentos de origem marinha e suína”, diz.
Por recomendação médica, o garoto também não pode ter contato com produtos a base de inseticidas e produtos de limpeza a base de soda ou álcool de posto. Atualmente, a criança pode consumir apenas leite de soja puro, arroz e feijão.
Pela pouca idade e sem entender direito os motivos para tantas restrições, Phetterson sempre questiona a mãe sobre os motivos de não poder comer balas e chocolates, por exemplo. “Tudo tem que ser controlado. Até o sabonete para o banho dele é especial”, conta Vilma
Roupa é outro problema para o garoto. Segundo a mãe, o filho é extremamente alérgico a poliéster. “Só pode usar vestimentas com 100% de algodão. Ele sofre mesmo com isso é no frio, porque a maioria dos cobertores e casacos costuma ter lã”, detalha. Como a criança passa o dia em casa com outros familiares, a mãe optou em deixar o filho vestindo apenas cueca, devido ao risco de uma reação alérgica.
Além de tudo, o preconceito
Vilma afirma que no início de 2013 Phetterson foi matriculado em uma escola, mas os pais dos outros alunos exigiram que a direção da instituição de ensino proibisse o garoto de frequentar a sala de aula, por medo de uma contaminação. “Além do preconceito, enfrentei situações graves na escola. Uma vez meu filho aceitou um pirulito e teve uma crise grave. Chegou a sangrar a pele”, diz a mãe. Por conta disso, o menino está fora da escola. Foi atestado pela médica imunologista, Sarah Rosa, que as alergias da criança não são contagiosas, permitindo que frequente qualquer tipo de ambiente sem oferecer riscos.
Sem cura
De acordo com o médico que cuida de Phetterson, José Carneiro, o tratamento do garoto deve durar 24 meses. “Saliento que a dermatite atópica não tem cura. Os remédios vão apenas controlar a situação”, afirma. Ao G1, Carneiro afirmou que o garoto é portador de uma alergia respiratória, o que aumenta os cuidados sobre o garoto.
Em 41 anos de profissão, o especialista já tratou de outras crianças com a dermatite, mas para Carneiro, o caso de Phetterson é especial, porque abrange três tipos de alergias. Segundo Carneiro, não dá para estimar quantas pessoas possuem este tipo de alergia, mas ele acredita que a incidência atinge pelo menos 1% da população mundial.
Desde que o tratamento começou, as bolhas na pele de Phetterson diminuíram. Atualmente a inflamação está concentrada nas duas pernas do garoto. Mas de acordo com Vilma, a situação é delicada, porque o eczema aparece conforme a mudança do clima.
Reprodução Cidade News Itaú
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