O muro e o portão da casa onde morava a família morta na madrugada de segunda-feira (5), na Brasilândia, Zona Norte da capital, amanheceram pichados nesta sexta-feira (9). A frase legível no portão diz “que a verdade seja dita”, segundo mostrou reportagem do Bom Dia São Paulo.
Na quinta-feira (8), um policial militar ouvido no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) disse que o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, havia ensinado o filho Marcelo Pesseghini, de 13 anos, a atirar. A informação foi confirmada pelo delegado Itagiba Franco, responsável pela investigação. O garoto é suspeito de assassinar o pai, a mãe, a avó e a tia-avó e depois se matar na Brasilândia.
Todas as vítimas morreram com tiros na cabeça disparados pela pistola .40 que pertencia a Andréia, indicou a perícia realizada nos corpos. O delegado citou que Marcelo tinha 1,60 metro e não era um garoto franzino, apontando que ele tinha condição de manipular a arma. "Estou plenamente ciente do que estou fazendo", afirmou. A testemunha disse ter presenciado uma dessas "aulas de tiro", que ocorriam em um estande na Zona Sul da capital paulista.
O PM, que morava na mesma rua da família, também informou ao DHPP que o sargento e a mãe do jovem, a cabo Andréia Pesseghini, de 36 anos, ensinaram o filho a dirigir automóveis e que o jovem tirava o carro da família todos os dias da garagem. O automóvel foi localizado na rua onde o garoto estudava e a polícia investiga se ele dirigiu até lá, assistiu à aula e só depois retornou para casa e se matou.
A polícia informou, no entanto, que o menino não estava com uniforme quando foi encontrado morto. Ele usava camiseta branca e calça listrada. O pai do amigo que deu carona ao estudante na volta para casa contou que estranhou o fato de o menino pedir para parar no carro da mãe, estacionado perto da escola. Ele estava com a chave e pegou um objeto dentro do veículo. Segundo a testemunha, o jovem disse que a mãe deveria "estar trabalhando por ali”.
O delegado do DHPP lembrou que esse amigo de Marcelo também disse em depoimento que o filho dos policiais afirmou, nesta segunda-feira, que não voltaria às aulas. "Hoje é meu último dia na escola, amanhã não venho mais", teria dito Marcelo, segundo relato feito ao delegado. O amigo contou à polícia que o estudante já havia dito isso outras vezes, por isso não ligou para a afirmação.
Itagiba informou que entre 12 e 15 testemunhas já foram ouvidas no processo. Em um tom de desabafo, o delegado rebateu dúvidas sobre os rumos da investigação. "Não estamos escondendo nada, estamos trabalhando de forma aberta, tranquila e honesta. É isso que eu eu quero dar à familia: a família não ter em mim, e na minha equipe, um inimigo. Ao contrário, nós estamos trabalhando primeiramente para dar uma satisfação a ela", disse.
Perguntado sobre os motivos do crime, o delegado disse que tanto a televisão quanto o videogame podem ter influenciado o garoto. Itagiba Franco chegou a falar que crianças deveriam ter "acesso restrito a determinados conteúdos".
O procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, designou nesta quinta os promotores Norberto Joia e André Luiz Bogado Cunha para acompanhar as investigações sobre as mortes da família na Zona Norte.
Reprodução Cidade News Itaú
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