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quarta-feira, agosto 28, 2013

'Achei que ia morrer, o teto desabou e levou tudo', diz sobrevivente

O eletricista Bento Lopes, 37, trabalhava no acabamento do prédio que desabou na manhã desta terça-feira na região de São Mateus, na zona leste de São Paulo, e afirmou que escapou por pouco. "Achei que ia morrer, não dá nem pra falar o que foi", afirmou ele.

"O teto desabou e foi levando tudo. Corri para um quarto, duas paredes caíram, mas o teto ficou. Só bati um pouco o braço, nada grave. Quem me salvou foi Deus", afirmou Lopes, que conseguiu tirar cinco pessoas dos escombros. Para sair, ele disse ter arrastado o corpo por entre os escombros e encontrado espaço ao lado de caixas de piso, que seguraram as lajes e criaram espaço para sua fuga.

Durante a tarde, ele foi levado pela PM ao 49º DP (São Mateus) para prestar depoimento. Lopes disse que seu celular ficou no desabamento e só sossegou quando conseguiu avisar a mulher e a filha, de 15 anos, que estava tudo bem quando usou o telefone de um amigo.

Após prestar depoimento, ele voltou ao local no início da noite para acompanhar o resgate dos colegas de trabalho.

O imóvel que desabou tinha dois pavimentos e ficava na avenida Mateo Bei, altura da rua Margarida Cardoso dos Santos. No local estava em construção uma loja de roupas. Antes, o endereço abrigava um posto de gasolina. Ao todo, cerca de 35 pessoas estavam no prédio.

Segundo os bombeiros, seis pessoas morreram na queda e outras 24 ficaram feridas. Por volta das 16h, as buscas no local continuavam com sete cães farejadores e 200 pessoas, sendo 113 bombeiros e policiais. Quatro casas em volta do local também foram atingidas e estão interditadas.

Entre os desaparecidos estava Felipe Pereira dos Santos, 20. Segundo seu pai, Francisco Feitosa Filho, 37, o jovem trabalhava no almoxarifado do canteiro e funcionário da Salvatta Engenharia. "Ele trabalhava numa loja, mas mudou de emprego porque iria ganhar um pouco mais. Fazia duas semanas que ele estava trabalhando", disse.

ALVARÁ

Segundo a Prefeitura de São Paulo, a obra que desabou não tinha alvará necessário para construção. De março para cá, o empreendimento já tinha sido multado duas vezes.

Em 13 de março, a Subprefeitura de São Mateus emitiu um auto de intimação e um auto de multa --no valor de R$ 1.159-- por falta de documentação no local da obra. No dia 25 do mesmo mês, a subprefeitura emitiu outra multa pelo não cumprimento da intimação anterior, no valor de R$ 103.500, e embargou a obra.

No dia 10 de abril, os engenheiros responsáveis apresentaram o pedido de Alvará de Aprovação de Edificação Nova na subprefeitura. Porém, não foi pedido o alvará de execução da obra. Mesmo assim, eles deram início às construções. Os engenheiros recorreram das multas, o que ainda está sendo analisado pela prefeitura.

"De acordo com o Código de Obras, a obra só poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade do proprietário e profissionais envolvidos e estaria sujeita a adequações ou até demolição", diz nota da prefeitura.


Reprodução Cidade News Itaú

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