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segunda-feira, julho 22, 2013

Polícia investiga ligação entre prisão de pastor e ataques ao AfroReggae

José Júnior prestou depoimento ao delegado Márcio Mendonça nesta segunda (22) (Foto: Marcelo Elizardo/ G1)A Polícia Civil investiga uma possível ligação das ameaças e ataques a bases do AfroReggae com a prisão o pastor Marcos Pereira, acusado de estupros e envolvimento com o tráfico de drogas. O coordenador da ONG, José Junior, explicou em depoimento na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), nesta segunda-feira (22), que os funcionários da unidade do Conjunto de Favelas do Alemão estão com medo de continuar as atividades. Segundo José Junior, que fez as denúncias contra Marcos Pereira, as ameaças começaram após a prisão do pastor, em maio.
Além das ameaças, duas unidades do Afroreggae sofreram atentados na última semana: a base do Alemão, que foi incendiada, e a sede de Nova Iguaçu, na Baixada, que teve os cabos de energia cortados. A polícia também apura se o tiroteio no Desafio da Paz, no Alemão, também  tem relação com os atentados.
"As pessoas estão me ligando e falando as mesmas coisas. Que a ordem é explodir o AfroReggae. Inclusive os funcionários e os jovens estão com medo de sofrer retaliação", disse o coordenador.

A Decod quer saber de quem partiu a ordem para o AfroReggae deixar a comunidade. De acordo com o delegado titular da especializada, Márcio Mendonça, a polícia investiga se as ameaças e o incêndio foram ordenados por uma facção que atua no Conjunto de Favelas do Alemão. "Os fatos que ocorreram até agora foram em regiões onde havia domínio de uma determinada facção. Então nós podemos afirmar que seriam, a princípio, fatos relacionados a essa facção", explicou o delegado.
Reunião com a PM
O coordenador da ONG AfroReggae já havia se reunido com o comando da Polícia Militar, na manhã desta segunda, para discurtir um possível reforço no policiamento do núcleo da Grota, no Alemão. No entanto, José Júnior garantiu que as atividades no local foram encerradas.
"Contra a minha vontade, digo que o AfroReggae encerrou suas atividades na Grota. Estão fazendo terror psicológico com as pessoas. Acho até que demorou muito para tudo isso acontecer", disse o coordenador após a reunião, voltando a acusar o pastor Marcos Pereira, que está preso sob a acusação de estupro.
Segundo José Junior, que informou ter boas relações com o comandante geral da PM, o coronel Erir Ribeiro, o fato de o AfroReggae ter sido criado para ajudar a tirar pessoas do tráfico lhe proporciona uma ligação muito grande com a marginalidade. E seria uma desmoralização muito grande se a ONG dependesse da proteção das forças de segurança para funcionar dentro de favelas.

'A gente denunciou o pastor (Marcos Pereira) como o maior mentor criminoso do Rio', disse coordenador do AfroReggae (Foto: Glauco Araújo/G1)'A gente denunciou o pastor (Marcos Pereira) como
o maior mentor criminoso do Rio', disse coordenador
do AfroReggae (Foto: Glauco Araújo/G1)
"O dia em que o AfroReggae tiver de depender da proteção policial, a ONG acaba. Por causa do nosso trabalho, de tirar as pessoas do tráfico, temos uma rede de ligações muito grande com o ambiente. Nunca precisamos de proteção de ninguém", disse Júnior, lembrando que a ONG começou a trabalhar no Alemão em 2001, como projeto cultural Conexão Urbanas e que desde 2007 tem um núcleo de atividades na comunidade.
Júnior contou que depois do incêndio na pousada da ONG, na semana passada,  um líder comunitário amigo seu foi mensageiro de um recado, que segundo afirma, veio do Pastor Marcos Pereira: "tem que fechar". Informações ouvidas na comunidade, segundo Júnior, davam conta que planejavam jogar uma granada no núcleo do AfroReggae, no Alemão.
Na terça-feira (16), o advogado do pastor Marcos Pereira, Marcelo Patrício, negou a acusação de envolvimento no ataque à pousada no Alemão. Ele afirmou que a declaração era uma forma de tentar sensibilizar o Judiciário, já que o pastor está em vias de ser libertado, após o processo de coação a que Marcos respondia ter sido anulado. Depois daquela data, o advogado foi procurado mas não mais se pronunciou.

Reprodução Cidade News Itaú

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