Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado no início da tarde desta sexta-feira, aos familiares das vítimas do acidente com o avião da Noar, onde morreram 16 pessoas, apontou falha humana como uma das causas da queda da aeronave, no dia 13 de julho de 2011. A informação foi repassada por parentes das vítimas, que acompanharam a divulgação do documento no Hotel Olinda Cult, em Boa Viagem. Segundo os familiares, o relatório do Cenipa também mostrou que o avião estava com excesso de peso e que a haleta 27, uma peça do motor, se partiu causando combustão do mesmo no lado esquerdo.
No momento do acidente, a aeronave seguia com destino a Mossoró, com escala em Natal, conforme a Força Aérea Brasileira (FAB). Dentre os mortos estavam Antônia Fernanda Jalles, professora do Núcleo de Educação Infantil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Carla Suely Barbosa Moreira, 36 anos, então delegada da Receita Federal de Mossoró.
Familiares das vítimas disseram ainda que o relatório apontou falhas na fiscalização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Trinta dias antes do acidente, a Anac teria realizado uma inspeção na aeronave da Noar e não encontrou problemas. Após o acidente, a agência notificou 149 autos de infração, indicando funcionamento irregular com o bimotor LET 410 da Noar. Representantes do Cenipa ainda não falaram com a Imprensa, mas segundo familiares, eles disseram que há necessidade de esclarecimentos ainda por parte da Polícia Federal, que ficou responsável por algumas das perícias técnicas.
O resultado das investigações realizadas pelo Cenipa começou a ser apresentada na manhã dessa sexta-feira. Ao todo, estão sendo apresentados cerca de 190 slides para explicar o caso. O relatório não tem caráter punitivo, mas o objetivo de emitir recomendações para evitar que acidentes do mesmo tipo voltem a se repetir. Até julho do ano passado, o órgão havia emitido 15 recomendações de segurança sobre o acidente que foram encaminhadas para as empresas que operam com o mesmo tipo de aeronave, para a fabricante do avião e para a Anac.
De acordo com as investigações, a turbina parou de funcionar logo após a decolagem, mas o LET 410 é projetado para conseguir voar mesmo após a parada de uma turbina. A suspeita de falha humana e de procedimentos de emergência é cada vez mais forte.
As peças da aeronave foram encaminhadas para laboratórios no Brasil e nos Estados Unidos, com o objetivo de se esclarecer porque uma das palhetas se rompeu e o que causou a parada do motor. Já as diligências buscaram entender porque os pilotos não conseguiram fazer um pouso de emergência. Segundo os investigadores da Polícia Federal, o avião tinha potência e continuou a subir mesmo depois da parada de um dos motores. Não foram descartadas as hipóteses de erro de pilotagem ou da aeronave não ter tido o desempenho esperado em voo monomotor ou ainda uma combinação dos dois fatores.
Todos os passos do Cenipa acontecem de acordo com as orientações da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci). Uma delas é que não deve ser atribuída uma escala de importância, ou pesos, para cada um dos chamados “fatores contribuintes”. Tudo aquilo que possa estar relacionado ao acidente gera recomendações de segurança, mesmo antes do término das investigações.
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Reprodução Cidade News Itaú
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