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domingo, julho 28, 2013

Caos na Polícia Civil compromete trabalho em delegacias da capital e do interior

Redução na cota de combustível, viaturas paradas por falta de pneu, redução nas equipes plantonistas, falta de policiais civis, limitação da velocidade da internet nas unidades policiais, entre outros problemas. Esta é a política da segurança pública do Governo do Rio Grande do Norte nas delegacias da capital e do interior, que tem de amargar a precariedade e fazer o trabalho a qualquer custo.
Em Mossoró, a estrutura que a Polícia Civil dispõe parece ainda pior do que no resto do Estado, uma vez que as DPs funcionam bem abaixo de sua capacidade e os agentes e delegados têm de acumular funções para que o trabalho possa ser desenvolvido.
Para se ter uma ideia da dimensão dos problemas enfrentados pelos delegados, das 10 delegacias civis existentes na cidade, cinco estão sem escrivão e os delegados ou agentes têm de acumular o serviço. Dessa forma, outras áreas, como investigações e operações, ficam descobertas.
"Aqui o agente e o delegado são multiuso, temos que desenvolver outras habilidades além das nossas funções. Temos que ser agente, escrivão, investigador e faxineiro, isso mesmo faxineiro, pois a limpeza na maioria das unidades é feita apenas uma vez por semana e para não trabalharmos dentro do lixo e usarmos banheiros sujos acabamos fazendo o serviço extra, além de nossas atribuições", explicou um investigador.
De acordo com o investigador, além de toda esta situação, a parte estrutural também está comprometida e falta material de expediente para o trabalho diário. "Tem dia que na minha unidade falta até papel para confeccionar os Boletins de Ocorrência, que para não parar o serviço "fazemos uma vaquinha" e compramos o material", destacou.
Já um delegado que acumula funções em mais de uma delegacia, explicou que a situação é precária nas duas unidades que responde atualmente. "Não há condições ideais de funcionamento em nenhuma DP, a situação é precária em todas as delegacias de Mossoró e do Rio Grande do Norte. Falta estrutura para a Polícia Civil trabalhar", destacou.
Em contato com o delegado Denys Carvalho, titular da Delegacia Regional da Polícia Civil de Mossoró, o problema da falta de pessoal se agravou ainda mais agora no mês de julho, devido os 21 funcionários (delegado, escrivão e agente) estarem de férias, que se somou a mais 31 baixas no quadro pessoal, causado por aposentadoria e transferências, que ocorreram no final do ano passado.
"Já temos um quadro de funcionários que funciona no limite e ultimamente tivemos várias transferências, aposentadorias e muita gente de férias. Então com isso, nosso quadro fica reduzido para funcionar como deveria ser", destacou.
O delegado espera que no próximo mês, quando a maioria dos que estão de férias retornar a suas funções, haja um equilíbrio em algumas delegacias. "Só teremos a situação resolvida em definitivo quando forem chamados os concursados, até lá teremos que nos desdobrarmos para fazer o nosso trabalho", concluiu o delegado.

AÇÕES JUDICIAIS
Recentemente um advogado, membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entrou com ações na Justiça para que o Governo convoque e emposse todos os concursados, que já foram treinados, para assumirem suas funções em delegacias, tanto na capital como no interior, principalmente nas cidades do Oeste potiguar onde a situação é precária.
A reportagem do O Mossoroense entrou em contato com a assessoria de imprensa do Governo do Estado, no sentido de obter uma posição do Executivo para empossar os concursados já treinados, no entanto, até o fechamento desta edição, nenhum retorno foi dado.

Divipoe - de projeto arrojado à estrutura deficitária

Quadro semelhante ao encontrado na 1ª DP é visto também na Divisão de Polícia do Oeste (Divipoe), que foi criada em um plano arrojado do Governo do Estado para dar suporte às operações na região Oeste, no combate ao crime.
Atualmente apenas um delegado e três agentes são responsáveis para dar suporte a 62 municípios, no entanto devido não ter estrutura, está alojada em uma sala emprestada pela Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (Defur). O delegado titular da Divipoe, Renato Medeiros, também responde pela DP do Apodi, onde passa a maior parte do tempo.
Na época em que foi criada, havia toda uma estrutura disponível, inclusive com um delegado titular e três adjuntos, além de 10 agentes.
Da época de ouro da Divipoe sobrou apenas uma dívida grande no aluguel do imóvel, um dos motivos de ter se esfacelado e se resumir a uma estrutura comprometida. Os agentes que respondem pela unidade, mesmo enfrentando situações adversas, têm conseguido fazer o trabalho a duras penas.

Quadro atual das delegacias reflete a crise na Polícia Civil

A reportagem do O Mossoroense percorreu todas as delegacias da Polícia Civil de Mossoró para traçar um quadro da situação que as especializadas vivenciam.
O resultado é preocupante e assustador, devido a violência desenfreada que a população tem amargado. Delegacias praticamente sem condições de funcionamento, planejada para atender um universo de quase 150 mil pessoas, como é o caso da 2ª DP, localizada no bairro Nova Betânia.
Atualmente apenas um delegado e quatro agentes respondem pela especializada, que sem nenhum escrivão os inquéritos e processos se acumulam nos armários e com isso a população fica prejudicada.
Para piorar ainda mais a situação, o delegado titular da pasta tem de se desdobrar entre a 2ª DP e a especializada da Serra do Mel, onde também responde por lá. No ano passado, quando foi criada a Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), mais da metade dos funcionários foi retirada da 2ª DP.
Recentemente, dois escrivães e um agente também foram remanejados para outros locais. E a situação que era precária piorou ainda mais. "Não temos condições de fazer quase nada. Tudo aqui está comprometido por falta de pessoal. Infelizmente esse é o nosso atual quadro", destacou um funcionário.

Reprodução Cidade News Itaú

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