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quarta-feira, junho 12, 2013

Sindicatos protestam contra governo de Goiás no hotel da seleção

Aos gritos de "Marconi, bicheiro, devolve meu dinheiro", um grupo de cerca de 50 pessoas se reuniu, na tarde desta terça-feira, à frente do hotel da seleção brasileira, em Goiânia. O grupo reúne ao menos quatro entidades classistas e estudantes da UEG (Universidade Estadual de Goiás), que pedem reajuste salarial e investimento em educação ao governador do Estado, principal alvo dos protestos.

"Quando o governador gasta com seleção e deixa a universidade em condições precárias, ele mostra que só está preocupado com o espetáculo. A presença da seleção é uma contradição na cidade", Bernardo Cunha, professor da UEG. 

A reivindicação principal dos trabalhadores diz respeito ao Database, reajuste salarial anual que deveria ser liberado em maio. Segundo os sindicatos, o dinheiro não saiu e o Governo do Estado se recusa a negociar com os trabalhadores. Já os estudantes pedem que uma fatia maior do orçamento seja investida na universidade que, segundo eles, está sucateada. 

Diante disso, eles resolveram aproveitar a presença de parte da imprensa nacional na cidade para protestar diante do hotel da seleção, localizado em uma das avenidas mais movimentadas da cidade. 

O ato foi pacífico. Com faixas, gritos de guerra e alguns rojões, os sindicalistas gritaram palavras de ordem contra Marconi Perillo. O uso do termo "bicheiro" é uma referência à suposta ligação do governador com Carlos Cachoeira, bicheiro que chegou a ser preso por crime organizado e corrupção. 

Os letreiros exibidos diante do hotel fizeram alusão à Copa do Mundo. "Enquanto a bola rola, o Marconi só enrola", dizia um dos textos. "Saúde e educação, da Copa eu abro mão", gritavam os manifestantes em outro momento. 

Os sindicatos protestam também contra o investimento que o governo estadual fará na reforma da Serrinha, sede social do Goiás que recebeu apenas um treino da seleção. Como o UOL Esporte revelou na semana passada, Marconi Perillo alterou grande parte da lei do projeto Proesporte, que destina verba do ICMS para o setor, para poder investir R$ 2,5 milhões no clube local, sob o pretexto de que o novo gramado abrigaria Luiz Felipe Scolari e companhia. 

O protesto teve seu ápice na chegada do ônibus da seleção brasileira. Por trás dos vidros fechados e escuros do veículo, os jogadores mal tiveram contato com a manifestação e entraram direto no hotel. 

O ato foi organizado por estudantes da UEG, que está parcialmente em greve desde o fim de abril. Além do movimento "Mobiliza UEG", estiveram presentes ao menos quatro sindicatos: Sindipublico, Sindifisco (dos fiscais de arrecadação), Sindisaúde (dos profissionais de saúde) e a União Goiana de Policiais Civis e Associação de Cabos e Soldados, segundo . 

Só que o protesto não foi unânime. Na praça que fica em frente à concentração estavam os sindicalistas e estudantes, com faixas, rojões e palavras de ordem. Do outro, na calçada do hotel, as torcedoras fanáticas por Neymar e Lucas seguiam aos berros pelos jogadores, de costas para toda a movimentação. Quando um protestante perguntou "cadê você, Marconi?", um garoto logo emendou: "Ele não está aqui", dando o tom de contraste na situação. 

A reportagem consultou a assessoria de imprensa do governo estadual, que minimizou os protestos. O órgão diz que está em contato com os estudantes para encerrar a greve da UEG e admite que o reajusta do Database está atrasado. A explicação seria o aperto financeiro do Estado, que não teria aumentado os salários para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Reprodução Cidade News Itaú

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