A Marinha abriu uma sindicância interna para apurar a participação de um fuzileiro na tentativa de invasão do Itamaraty, durante o protesto que reuniu mais de 30 mil pessoas em Brasília na quinta-feira (20) e acabou com um rastro de destruição.
Usando um gorro na cabeça, bermuda e camisa de manga comprida, ele tem um capacete da PM nas mãos e observa, sem nada fazer, manifestantes tentando quebrar a pontapés as vidraças do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores e prédio cuja segurança é de responsabilidade da Marinha.
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A Folha registrou o momento em que o militar a paisana entra no Itamaraty e é cercado por policiais militares. No vídeo, ele avisa que é fuzileiro antes mesmo de pular as janelas quebradas pelos manifestantes e entrar no prédio.
O fuzileiro chega a deitar no chão e ser imobilizado pela PM, que pisa no braço dele. Um militar fardado tenta impedir que a polícia prenda o colega que se levanta, mostra uma identificação e é liberado.
A Marinha informou, por meio de nota, que a sindicância foi instaurada no sábado (22) para "proceder as averiguações que o fato requer". O prazo para conclusão da apuração interna é de até 40 dias.
MANIFESTANTE OU INFILTRADO
A assessoria de comunicação da Marinha, contudo, não informou se o fuzileiro estava escalado para trabalhar ou de folga na hora do protesto.
Também não disse se o militar estava escalado para monitorar, pelo serviço de inteligência da Marinha, os manifestantes ou simplesmente protestava.
O regulamento disciplinar militar proíbe expressamente qualquer tipo de participação em manifestações e exige apartidarismo político. A única exceção, segundo o regulamento, para participar de comícios, manifestações ou reuniões públicas de caráter político é estar "devidamente autorizado".
PRISÃO
O vídeo da Folha também mostra Samuel Ferreira Souza de Jesus, 19, desempregado, ouvido nesta segunda-feira (24) pela Polícia Civil do Distrito Federal sobre a depredação do Itamaraty.
Segundo a polícia, Samuel Jesus afirmou aos delegados que "agiu sozinho e estava arrependido porque tinha a intenção de prestar concurso público".
Samuel foi localizado pela polícia a partir da análise de imagens feitas durante o ataque ao prédio. Nas imagens, ele aparece com uma boina marrom e uma máscara cirúrgica.
No momento da depredação, o suspeito vestia uma camiseta com a palavra "Cólera" e uma referência ao filme do Reino Unido "V de Vingança" (2006), uma ficção baseada numa história em quadrinhos que faz referência a Guy Fawkes, conspirador do século 17 que participou de um grupo que ambicionava explodir o Parlamento inglês.
No sábado, a polícia já havia localizado Cláudio Roberto Borges de Souza, que cumpria prisão domiciliar por outra acusação, a de furto de um telefone celular. Ele também disse à polícia estar arrependido.
Além de Cláudio Roberto e Samuel Jesus, a polícia disse ter identificado mais cinco envolvidos na depredação do Itamaraty que, contudo, ainda não foram presos.
Reprodução Cidade News Itaú
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