Luiz Felipe Scolari caiu no gosto do povo brasileiro no começo da década passada e foi o escolhido para salvar a seleção brasileira que capengava nas eliminatórias para o Mundial de 2002. A empolgação se devia, em muito, à recheada galeria de títulos conquistados nos clubes até aquele momento. Acabaria por ganhar aquela Copa e aumentar ainda mais sua credibilidade entre os torcedores.
E a taça de 2002 foi seu principal combustível para ser nomeado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) como o condutor do sonho do hexacampeonato em 2014 e assim interromper o trabalho de Mano Menezes. Mas, pelo que mostra o desempenho de Felipão após o penta, sua escolha parece não ter sido a mais lógica: após 2002, o treinador entrou em declínio se considerarmos apenas os resultados finais dos torneios que disputou.
A estante de Felipão tem 17 troféus de campeão até o Mundial de 2002. Depois disso, em 11 anos, foram só dois: o obscuro Campeonato do Uzbequistão, pelo Bunyodkor, e a Copa do Brasil de 2012 pelo Palmeiras, que foi uma exceção na regra de seu desempenho recente.
A queda nos resultados começou em competições internacionais logo após assumir o comando da seleção portuguesa. Da primeira colocação na Copa de 2002 com o Brasil, Scolari foi para o segundo lugar, ao perder a final da Euro-2004, em casa, para a Grécia, em Lisboa.
No torneio internacional seguinte, em 2006, caiu duas posições. Foi quarto colocado com a seleção portuguesa no Mundial de 2006, na Alemanha. Caiu ainda mais na competição seguinte e derradeira por Portugal, a Euro de 2008. Acabou na sétima colocação com a equipe de Cristiano Ronaldo.
No Chelsea, foi demitido antes mesmo de completar uma temporada, enquanto no Bunyodkor fez apenas uma e não teve como tentar melhorar seu desempenho no ano seguinte. Mas no Palmeiras o técnico gaúcho viu queda parecida com a vista em competições internacionais.
Assumiu o clube do Parque Antarctica em 2010. Dos quatro torneios que comandou o time alviverde em dois anos, apenas em um deles o técnico conseguiu fazer melhor do que havia feito no anterior. Do resto, em todos seu desempenho foi ladeira abaixo.
Chegou à equipe no Brasileiro de 2010 e terminou na décima colocação. No ano seguinte, foi 11º, e em 2012 comandou o time na maior parte do tempo na campanha do rebaixamento. Saiu quando a equipe era 18ª colocada.
No Campeonato Paulista de 2011, foi terceiro colocado. Mas no ano seguinte decaiu de posição e foi sexto. Na Copa Sul-Americana, foi semifinalista na edição de 2010, sua primeira, para depois cair na primeira fase no ano seguinte.
Apenas na Copa do Brasil teve desempenho crescente. Depois de ser eliminado nas quartas em 2011, conquistou o título em 2012, ano em que a equipe seria rebaixada.
O desempenho em queda do técnico de 64 anos vai na contramão dos comandantes das outras equipes campeãs do mundo que estão na disputa da Copa das Confederações; Itália, Espanha e Uruguai.
Óscar Tabárez, 66 anos, está na seleção uruguaia desde 2006. De lá pra cá, só melhorou ou manteve o desempenho nas competições internacionais. Foi quarto lugar na Copa América de 2007 e repetiu a colocação no Mundial de 2010, na África do Sul. Um ano depois foi para o primeiro lugar na competição sul-americana, disputada na Argentina.
O mesmo se passa com Vicente del Bosque, 62 anos, depois de assumir o comando da Espanha, em 2008. Em seu primeiro torneio, foi terceiro colocado, na Copa das Confederações de 2009. No ano seguinte, foi campeão do Mundial da África. E em 2012 manteve a primeira colocação ao ganhar a Eurocopa.
Cesare Prandelli, 55 anos, já foi segundo colocado no primeiro torneio com a Itália, a Eurocopa de 2012. Antes disso, vinha de cinco temporada consecutivas como treinador da Fiorentina, equipe de aspirações modestas no Campeonato Italiano.
E quase sempre evoluiu. Foi da nona colocação em 2006 para a sexta na temporada seguinte. Depois, foi quarto colocado duas vezes, em 2008 e 2009, sendo que na última melhorou o desempenho em pontos. Apenas em 2010 decaiu, sendo 11º.
Em suas duas participações na Liga dos Campeões da Europa também pôde-se ver melhora. Foi eliminado na fase de Grupos em 2009, mas classificou a equipe para a segunda fase em 2010 e só foi eliminado pelo Bayern de Munique, nas oitavas de final, pelo critério dos gols fora de casa.
Logo em sua apresentação na seleção brasileira, Felipão foi questionado sobre se estava ultrapassado. Mas analisou seus últimos trabalhos por um olhar positivo.
"Não sei o que é parar no tempo. Nem a minha idade parou, ela continua andando para frente. As pessoas entendem porque só ganhei um título em dois anos no Palmeiras, só ganhei um título em 30 jogos disputados no Uzbequistão, tendo ganhado 28 jogos, em um país que hoje já disputa a classificação para o Mundial. Portanto, essa não é uma preocupação que eu tenha".
Reprodução Cidade News Itaú
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