População assustada, bandidos ousados, moradores reféns do medo e da insegurança. Este é um cenário dos bairros e ruas de Mossoró, onde diariamente são registrados assaltos e arrastões nas residências, que a cada dia estão mais vulneráveis aos criminosos. A Delegacia Especializadas em Furtos e Roubos (Defur) e a Delegacia de Plantão confeccionam diariamente inúmeros Boletins de Ocorrência (BO), de pessoas ou famílias inteiras, vítimas de assaltos ou arrastões.
Para se ter ideia do perigo que circunda os cidadãos, na manhã da última quarta-feira dois bandidos armados de revólveres realizaram um arrastão em uma casa no bairro Alto de São Manoel em Mossoró, onde a maioria dos moradores está com medo da ação dos marginais e este tipo de violência tem se tornado frequente.
A ação aconteceu enquanto o dono da residência estava saindo de casa para trabalhar e foi surpreendido pelos ladrões. Após fechar o portão da garagem e entrar em seu carro, o proprietário da casa foi abordado por dois jovens, aparentando menos de 20 anos, que estavam a pé. O homem ainda tentou reagir, fechando a porta do carro na mão de um dos bandidos.
Os assaltantes obrigaram a vítima a chamar o filho e quando ele abriu o portão, o assalto foi anunciado. Pai, filho e o restante da família foram trancados dentro do banheiro, enquanto os bandidos realizaram o arrastão.
Foram levados das vítimas: celulares, um notebook, um aparelho de TV, joias, uma pequena quantia em dinheiro, roupas, perfumes e, para fugir, os criminoso carregaram o carro da família e o abandonaram horas depois do roubo em uma estrada carroçável.
Ainda em choque com tudo que aconteceu, o chefe da família disse que já colocou a casa à venda e tão logo conclua o negócio vai se mudar para um condomínio onde pelo menos exista um segurança 24 horas. "Sei que não evita que os roubos aconteçam, mas pelo menos inibe um pouco mais a ação dos criminosos", destacou o homem, que por medo preferiu não ser identificado.
Experiência semelhante passou a família de uma professora aposentada que tambémmora no Alto de São Manoel. A professora, a nora e dois netos adolescentes estavam sentados na calçada da casa, no início da noite, quando dois elementos de moto chegaram e anunciaram o assalto, obrigando que a família entrasse na residência e fechasse as portas.
Do lado de dentro do imóvel, as vítimas foram trancadas no banheiro, enquanto a dupla roubava os pertences e objetos valioso da família. Dinheiro, celulares, tabletes, notebooks e um cordão de ouro que estava com a família há gerações.
"Além da humilhação que passamos nas mãos dos criminosos, que nos agrediam com palavras obscenas, faziam constantes ameaças de nos matar caso não fosse encontrado nada de valor dentro de casa", explicou a professora.
Depois da experiência traumática, a aposentada disse que pretende se mudar do local e procurar um condomínio para morar com a família. "Creio que não resistira a outra ação deste tipo. É muito traumático. Meus netos estão apavorados e choram constantemente quando se aproxima alguém desconhecido", disse.
Corretor de imóveis, Júlio Nogueira, que gerencia uma imobiliária em Mossoró, disse que nos últimos quatro meses, a procura por apartamentos e casas em condomínios cresceu aproximadamente 40%, na cidade. O motivo seria por questões de segurança, devido ter passado por alguma experiência traumática, provocada pela violência.
"Temos recebido muitos clientes querendo vender imóveis e ao mesmo tempo procurando comprar casas ou apartamentos em condomínios fechados, onde existe segurança particular. O mais interessante é que a maioria dos clientes procura já por casas prontas, devido à pressa para mudar", disse o corretor.
A jornalista Flávia Monteiro disse que quando foi comprar a casa própria preferiu pagar um pouco mais caro e comprar um imóvel em um condomínio.
"Sinto-me mais segura em uma residência onde tenha segurança, onde eu possa chegar tranquilamente, sem ter medo de ser surpreendida pelos criminosos", concluiu a jornalista.
Comandante destaca que número de assaltos cresceu muito após interdição de unidades prisionais
Em entrevista ao O Mossoroense, o major Correa Lima, comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar (12º BPM), disse que o número de assaltos e roubos em Mossoró cresceu substancialmente após a interdição do Complexo Penal Estadual Agrícola Mário Negócio (CPEAMN) e da Cadeia Pública Juiz Manoel Onofre de Souza, que foram proibidas de receber presos, desde o dia 19 de março deste ano.
"Com a interdição das unidades prisionais ficou sem ter para onde levar os presos em flagrante, que muitos deles depois de serem autuados são liberados pela Justiça para responderem o processo em liberdade até que seja solucionado o problema das cadeias. Com isso, o elemento se ver livre para agir novamente, sabendo, que mesmo que seja preso vai ser solto", disse o comandante.
Para tentar amenizar a situação dos assaltos, o comandante Correa Lima está se reunindo com frequência, com líderes comunitários, no sentido de despertar na população uma parceria entre comunidade e Polícia Militar.
"Ninguém melhor do que os moradores para dizer os problemas que estão enfrentando na área da segurança. Por isso, estamos conversando com a comunidade para elaborarmos estratégias ostensivas, com base nos depoimentos da população", destacou.
Com relação aos frequentes arrastões ocorridos na área do 12º BPM, o major Correa Lima explicou que a ronda ostensiva está sendo feita diariamente, inclusive com blitze itinerantes na área correspondente ao Alto de São Manoel e bairros adjacentes.
Reprodução Cidade News Itaú
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