As armas nucleares funcionam como um meio de barrar potenciais agressores e como um alicerce para a prosperidade, afirmou o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em um discurso proferido no domingo (31) e publicado na íntegra pela agência oficial KNCA nesta terça-feira (2).
"Nosso poder nuclear é um meio confiável de impedir uma guerra e uma garantia de proteção de nossa soberania", disse Kim Jong-un em um discurso proferido na reunião do comitê central do dominante Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.
O discurso pareceu enfatizar uma mudança no desenvolvimento econômico e acusou os Estados Unidos de empurrar a Coreia do Norte para uma corrida armamentícia em uma aposta para criar obstáculos ao avanço econômico.
Nesta terça-feira, a Coreia do Norte anunciou que pretende reiniciar as operações de um reator nuclear desativado em 2007 e sugeriu que poderia aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, num momento de extrema tensão militar com sua vizinha Coreia do Sul.
Um porta-voz do setor energético da Coreia do Norte disse à agência oficial KCNA que as autoridades iniciaram um processo de "reajuste e reativação" das instalações no complexo nuclear de Yongbyon, que inclui uma usina de enriquecimento de urânio e um reator de cinco megawatts.
O governo norte-coreano havia fechado a usina de Yongbyon em julho de 2007 como parte de um plano de desarmamento para receber ajuda internacional, impulsionado por seis países. Pouco depois, as autoridades locais inclusive inutilizaram a torre de resfriamento.
Esta usina era a única fonte norte-coreana de plutônio para seu programa de armas atômicas. Acredita-se que as reservas restantes de plutônio seriam suficientes para entre quatro e oito bombas.
No entanto, em 2010 a Coreia do Norte revelou que estava enriquecendo urânio em Yongbyon, durante uma visita de especialistas às centrífugas existentes nestas instalações. Na época, afirmou que a iniciativa tinha como único fim a produção de energia elétrica para uso civil.
Mas a menção do porta-voz nesta terça-feira sobre um "reajuste" pode indicar a possibilidade de que as instalações desenvolvam capacidade de enriquecimento de urânio para armamento.
Em fevereiro deste ano, a Coreia do Norte realizou seu terceiro teste nuclear, e peritos de diversos países acreditam que, diferentemente dos dois primeiros baseados no plutônio, o último dispositivo era uma bomba de urânio.
China e Coreia do Sul
Os governos na Coreia do Sul e da China lamentaram a decisão norte-coreana e fizeram um novo apelo de desnuclearização ao país comunista.
"Caso isso seja confirmado, seria profundamente lamentável", declarou à imprensa o porta-voz do Ministerio das Relações Exteriores sul-coreano, Cho Tai-young, em relação ao anúncio feito por Pyongyang.
O porta-voz pediu à Coreia do Norte que cumpra "as promessas que fez no passado e torne realidade a desnuclearização da península coreana", após afirmar que seu governo monitora de perto os eventos que acontecem no país vizinho.
A China também se pronunciou sobre a polêmica decisão norte-coreana. "Tomamos nota dos anúncios da Coreia do Norte e expressamos que o lamentamos", declarou Hong Lei, porta-voz da diplomacia chinesa.
"Convocamos todas as partes afetadas a permanecer em calma e dar mostras de moderação", completou.
"A situação atual na península coreana é complicada e delicada", acrescentou Hong, que lembrou a posição da China de "alcançar a desnuclearização da península (coreana) e proteger a paz e a estabilidade da península e do nordeste da Ásia".
A China é a única aliada da Coreia do Norte e seu principal sócio comercial, já que fornece ao país recursos energéticos indispensáveis a sua economia.
Japão
O governo do Japão afirmou que a decisão norte-coreana representa uma violação por parte deste país às promessas feitas inclusive para a Organização das Nações Unidas (ONU).
"Se a Coreia do Norte realmente decidir reativar a implantação de Yongbyon, será uma violação dos colóquios à seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga.
"Seria uma grave preocupação para o Japão", acrescentou Suga. O Japão trabalhará em conjunto sobre a questão com os Estados Unidos (EUA), Coreia do Sul, China, Rússia e com os outros países que formam o grupo dos Seis.
ONU
O Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que a crise político-diplomática da Coreia do Norte "foi muito além" e segundo ele, a única solução é buscar uma negociação. (Com Reuters, AFP, Efe e Ansa)
Reprodução Cidade News Itaú
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!