Papa emérito desde anteontem, Bento 16 deixou para trás, junto com o comando da Igreja Católica, o dom da infalibilidade, como é chamado o poder dos pontífices para proclamar doutrinas incontestáveis sobre a fé e a moral com a assistência do Espírito Santo.
"O papa pode errar como todo mundo, mas não quando fala 'ex cathedra' [da cadeira]", explicou, por telefone, o bispo de Caratinga (MG), dom Emanuel de Oliveira.
Logo após o anúncio da renúncia, a primeira em seis séculos, alguns teólogos chegaram a dizer que não havia regras para lidar com a infalibilidade no caso de Bento 16.
Outros questionaram se eventuais escritos novos do papa emérito, reputado como grande intelectual, não terão o mesmo peso dentro da igreja porque ele deixou o pontificado.
Questionado sobre o assunto, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, esclareceu que, ao deixar o cargo, Bento 16 deixa de ser infalível, pois "não terá mais autoridade para promulgar dogma".
Dom Emanuel disse que Bento 16 foi muito ortodoxo durante o papado e que, por isso, não fez pronunciamentos "ex cathedra".
"Mas, quando ele canonizou santos, é irreversível e, portanto, se trata de um pronunciamento na linha da infalibilidade."
Segundo o bispo, que estudou teologia em Roma por seis anos, "ex cathedra" é um recurso muito pouco usado na história. Quando ocorre, diz, "é em sintonia com a igreja, não vem com novidade".
Um dos pronunciamentos papais infalíveis mais conhecidos foi o do papa Pio 9º, em 1854. O dogma da Imaculada Conceição promulgou que Deus preservou Maria, a mãe de Jesus Cristo, do "pecado original".
Reprodução Cidade News Itaú
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