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quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Médicos querem fechar Pronto Socorro do Giselda Trigueiro


A alta demanda do Pronto Socorro do Hospital Giselda Trigueiro (HGT), que é referência estadual em doenças infecciosas, informação toxicológica e imunobiológicos especiais, tem comprometido a excelência da prestação de serviço. Como o hospital é porta aberta, mesmo com a classificação de risco, todos os pacientes que buscam a unidade são atendidos, sendo que do total de atendimento, cerca de 40% são de casos que poderiam ser resolvidos na unidade básica de saúde. Diante dessa situação, os médicos e profissionais de saúde que trabalham na unidade reivindicam o fechamento da unidade, tornando-o referenciado. A direção do hospital, o Governo do Estado e entidades sindicais são contrários ao fechamento do PS, mas na última reunião entre a diretoria da unidade e os médicos que trabalham no Pronto Socorro ficou definido que a situação será resolvida até o mês de junho.

A médica do Pronto Socorro do Giselda Trigueiro, Janaína Palmeira conta que a situação de trabalho, devido à alta demanda de pacientes que “não são de responsabilidade do Giselda” tem sobrecarregado os profissionais do serviço. Hoje são dois médicos por plantão, quando o ideal seria quatro profissionais, para atender uma média de 25 pacientes com doenças infecto-contagiosas, além de uma média de dez pacientes por plantão de outras especialidades.

“Somos o setor do hospital que mais trabalha e o que é menos remunerado. Temos poucos médicos e a sobrecarga é alta. O Pronto Socorro é o setor que falta tudo, inclusive antibióticos. Além disso, os pacientes que deveriam ser atendidos na unidade básica têm superlotado o Pronto Socorro, com isso deixamos de regular pacientes com doenças infecciosas oriundos do interior por falta de vaga. O nosso desejo era que o Pronto Socorro fechasse para que pudéssemos prestar um melhor serviço à população, mas não acreditamos mais que isso venha a acontecer”, desabafou a médica. Os médicos chegaram a fazer um abaixo-assinado para forçar o Governo do Estado a fechar o Pronto Socorro, mas o movimento não progrediu.

De acordo com a direção geral do Hospital Giselda Trigueiro, realmente existe a intenção de que o Pronto Socorro do hospital receba apenas casos referenciados. Mas é uma proposta a longo prazo, que ainda será discutida com a rede municipal de saúde, para absorver estes atendimentos. A previsão, segundo a direção da unidade, é que somente no final de 2013 esta proposta seja concretizada.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, disse que a entidade não concorda com o fechamento do Pronto Socorro do Hospital Giselda Trigueiro, por entender que o fechamento do serviço significa uma desassistência à população. “Entendemos as razões dos médicos, mas somos totalmente contra qualquer atitude que prejudique a população. A situação da saúde pública já é crítica e fechar essa unidade só aumentaria o caos. Iremos lutar para aumentar o número de plantonistas e que o hospital providencie as devidas separações e divisões no Pronto Socorro para que não haja contato entre os pacientes com doenças infecto-contagiosas com os demais”, explicou Geraldo Ferreira.

O Sindicato dos Servidores Estaduais da Saúde (Sindsaúde-RN) também é contrário ao fechamento da unidade. Sônia Godeiro considera que é necessário intensificar as ações da regulação, através da classificação de risco, de modo que possa disciplinar a entrada de pacientes ambulatoriais na unidade. “Àqueles pacientes que não se encaixam no perfil do hospital podem ser transferidos para outros hospitais, mas fechar é uma ideia equivocada e somos contrários”, explicou a diretora do Sindsaúde, Sônia Godeiro.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern), Jeancarlo Cavalcante disse que desconhecia a intenção dos médicos em fechar o Pronto Socorro e ficou sabendo por meio da reportagem. No entanto, ele se mostrou preocupado diante dessa possibilidade. “Ficamos preocupados com esse possível fechamento, pois o Pronto Socorro é especializado, se porventura alguém com sintomas de meningite precisar de atendimento não tem para onde ir, tem que ir para o Giselda Trigueiro. O Conselho vai se inteirar da situação, mas, desconhecendo as razões, somos contra o fechamento”, destacou.

Jeancarlo Cavalcante disse que o problema poderia ser contornado através de uma triagem, que orientaria os pacientes que não fossem de doenças infecto-contagiosas a procurarem outras unidades. “É uma forma de filtrar e deixar ser atendido apenas os pacientes com doenças infecto contagiosas, porque se assim não proceder, o hospital perde a sua finalidade”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Medicina.

O Hospital Giselda Trigueiro oferece os serviços de Urgência e Emergência com atendimento 24 horas em Doenças Infecciosas para adultos e crianças, profilaxia anti-rábica, antitetânica, antipeçonhenta onde são realizados em média 6.000 atendimentos/mês. O Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) e o Centro de Informação Toxicológica (CIT), também funcionam durante as 24 horas, com atendimento a rede pública e privada.

A unidade também conta com atendimento ambulatorial especializado em: Infectologia, Doenças de Chagas, Tuberculose, Hepatites, Hanseníase e HIV/AIDS, realizando em media 1.300 atendimentos/mês. Internação em regime de Hospital Dia para pessoas que convivem com HIV/AIDS, bem como serviços de Apoio ao Diagnóstico e tratamento, SADT, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia, Psicologia, Serviço Social e PID.

Reprodução Cidade News Itaú

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